Igreja Católica celebra 57ª Semana das Vocações ainda com constragimentos

Bispo de Angra deixa mensagem para que todos se entreguem a Jesus, “o amigo permanente dos jovens”

A Igreja Católica vai celebrar de 26 de abril a 3 de maio a 57ª semana de oração pelas Vocações Consagradas, uma iniciativa anual que em 2020 decorre num contexto inédito, por causa da pandemia de Covid-19.

“Este ano estamos a celebrar esta semana das vocações em contexto de tribulação, no qual sobressaem muitos medos, perplexidades e dúvidas sobre o futuro. Saibamos iluminar este tempo com a Sabedoria do Evangelho e aproveitar o silêncio, o recolhimento e a interioridade para nos colocarmos junto de Jesus de Nazaré, o Amigo permanente dos jovens, para nos deixarmos conduzir por Ele”, exorta o bispo de Angra.

Numa Mensagem  elaborada para estes dias, a partir de uma passagem do Evangelho de Mateus «Jesus mandou aos seus discípulos que fossem para a outra margem» (cfr. Mt 14, 22), D. João Lavrador desafia os diocesanos a aceitarem o convite que Jesus nos lança “a todos e cada um” para “segurarmos a nossa vida na Sua vida, tendo a coragem de colocar a nossa mão na Sua mão”.

“Estamos a iniciar um tempo novo, em todas as dimensões da vida pessoal e social, que certamente nos colocará mais perto de Jesus de Nazaré e mais despertos para escutar o Seu apelo amoroso a segui-Lo”, avança o prelado, ao sublinhar que esta Semana deve ser aproveitada.

“prioritariamente na família” para “rezar, dialogar e despertar em cada criança e jovem o valor de seguir o chamamento de Jesus Cristo”.

Além das famílias são, igualmente, convidados os catequistas, os jovens, os sacerdotes, consagrados e leigos com funções nas suas comunidades, a promover a reflexão e a testemunharem “com alegria a sua vocação em louvor ao Senhor que acompanha sempre a missão de quem envia”.

Usando as palavras do Papa, o bispo de Angra deseja que a “Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, abrindo brechas no coração de todos os fiéis, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer “sim”, vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”.

Na mensagem dirigida a todos os diocesanos o bispo de Angra lembra que a caminhada vocacional não está isenta de dúvidas e de inquietações e insere-se mesmo num contexto que começa sempre com tribulações. Desde logo, porque “ a vida pessoal, sobretudo quando se coloca a sério a opção cristã em seguir a Cristo, gera o desconforto de deixar as seguranças próprias para seguir o Mestre”.

De facto, “esta aventura não é tranquila: cai a noite, sopra o vento contrário, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à altura da vocação” refere o prelado lembrando as palavras do Papa Francisco sobre esta Semana.

Contudo, acrescenta, “há uma certeza, não estamos sozinhos, Jesus de Nazaré que chama e que envia, está connosco e faz caminho vocacional connosco, partilhando dos nossos sonhos e inquietações, dúvidas e projectos, mas sobretudo segurando-nos pela mão”.

A coordenação da elaboração dos materiais  esteve a cargo da comunidade do Seminário Interdiocesano de S. José (sediado em Braga), que teve em conta a contingência a que estão submetidas as comunidades e os grupos. Para o efeito, estão disponíveis vários recursos que podem ser usados no atual contexto: mensagem do Santo Padre, nota episcopal, oração, capa para o Facebook, catequese e oração familiar, flyer, hino, lectivo divina, rosário.

“Aconselhamos que, durante esta semana, sejam privilegiadas a oração pessoal e familiar, sem esquecer a oração sempre constante das comunidades religiosas”, escreve D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), na sua mensagem para esta celebração.

O responsável católico admite que o “contexto diferente do habitual” obriga a que esta semana seja perspetivada de “um modo diferente e mais criativo”.

“Sugerimos que a oração pelas vocações tenha, antes de mais, um sentido de gratidão. Damos graças a Deus pela vocação como dom da graça divina e por tantas vocações que enriquecem a Igreja, a começar pelas dos sacerdotes e dos consagrados e consagradas”, apela o bispo de Vila Real.

O presidente da CEVM saúda quem assume a sua profissão como “uma verdadeira vocação”, que leva a entregar-se “totalmente a cuidar dos outros, como são os casos dos profissionais de saúde, dos cuidadores nos lares ou em casa e dos voluntários em várias instituições e projetos”.

“Neste espírito de gratidão há ainda um lugar especial para todas as famílias que são fiéis à sua vocação de comunidades de vida, amor e fé. E, dada a feliz coincidência de esta semana terminar no Dia da Mãe, agradecemos a Deus o dom que representa cada mãe, de modo especial as que assumem a maternidade como uma grande vocação”, acrescenta D. António Augusto Azevedo.

A mensagem admite que o recolhimento de tantas pessoas pode gerar um “clima de maior silêncio” e ajudar a “uma oração pelas vocações como verdadeiro espaço de escuta”.

“Faço votos que esta semana de oração pelas vocações consagradas suscite em cada pessoa e cada família uma coragem redobrada para viver e ultrapassar esta situação de provação em que nos encontramos. Rezemos sobretudo com fé e com a consciência de que a nossa oração, feita em espírito de comunhão, tem muita força”, conclui o bispo de Vila Real.

A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios publicou, online, um conjunto de subsídios para ajudar na celebração desta semana.

Os materiais partem da mensagem do Papa para Dia Mundial das Vocações 2020, intitulada “As palavras da vocação”.

Francisco reflete sobre quatro palavras-chave, “gratidão, coragem, tribulação e louvor”.

“A nossa realização e a dos nosso projetos de vida não é o resultado matemático do que decidimos dentro do nosso ‘eu’ isolado; pelo contrário, trata-se, antes de mais, da resposta a um chamamento que nos chega do Alto. É o Senhor que nos indica a margem para onde ir”, escreve.

(Com Ecclesia)

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