Igreja Católica tem procurado «traduzir» o pensamento social do Papa em «propostas concretas»

Jornadas nacionais da Pastoral social arrancaram hoje em Fátima. Diocese de Angra apresentou conclusões do estudo realizado sobre a ação social nas paróquias, realizado durante o ano pastoral de 2015/2016

Arrancaram hoje em Fátima as jornadas nacionais da Pastoral Social sobre o tema a “Família e Transformação Social – uma perspetiva a partir da exortação apostólica – A Alegria do Amor”.

A sessão de abertura ficou marcada por uma homenagem a D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto e presidente da Conferência Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, que faleceu há cerca de uma semana mas cujo nome foi mantido no programa do evento.

O padre José Manuel Pereira de Almeida, responsável pelo Secretariado Nacional da Pastoral Social recorda que esta seria “a primeira atividade pública” de D. António Francisco dos Santos enquanto responsável nacional pela Pastoral Social e Mobilidade Humana, cargo que tinha assumido há apenas alguns meses.

“A surpresa do seu falecimento vai marcar absolutamente este encontro. Nós acreditamos que ele nos vai acompanhar de uma forma única, como no coração de Deus se pode acompanhar as coisas. Vamos sentir muitíssimo a sua falta, mas na certeza da sua oração e intercessão”, salientou o diretor do SNPS.

A diocese de Angra além de participar nestas jornadas, apresentou um trabalho neste primeiro dia sobre a Acção Social nas Paróquias: conhecer para melhor intervir. A apresentação esteve a cargo da nova responsável pelo Serviço Diocesano da Pastoral Social, Vitória Furtado.

A diocese de Angra há dois anos que vem inscrevendo como prioridade do seu programa pastoral diocesano as questões sociais e no ano pastoral 2015/2016 realizou mesmo trabalhos de campo junto das paróquias para averiguar o estado da acção social, procurando conhecer a realidade local, diagnosticando os problemas com maior prevalência e delineando estratégias para os combater, seja nos seus movimentos de apostolado seja com parceiros fora da esfera da igreja.

Na altura, a questão da droga e das dependências em geral; os rendimentos baixos e os problemas associados à saúde mental constituiram as três grandes questões associadas à pobreza nos Açores, particularmente no que diz respeito aos jovens.

No inquérito feito pelo serviço diocesano da pastoral social às 165 paróquias da diocese de Angra sobre os problemas sociais mais comuns no arquipélago concluiu-se que a articulação em rede das varias estratégias de combate à pobreza seria um dos caminhos a seguir. Na altura os responsáveis justificaram a realização deste estudo com a necessidade de conhecer efetivamente a realidade social, a dimensão dos problemas em ordem a uma melhor resolução.

Um dos caminhos passa pela criação de uma plataforma virtual onde os diferentes agentes da pastoral social da igreja possam interagir partilhando práticas, recursos, soluções e sugestões de intervenção social.

Entretanto, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS) destacou hoje a importância do pensamento social do Papa Francisco, que a Igreja Católica em Portugal tem procurado “divulgar” e “traduzir em propostas concretas” para os desafios das comunidades.

De acordo com aquele responsável, este encontro será o momento ideal para os agentes de pastoral social, empenhados na pastoral social a nível diocesano e paroquial, partilharem ideias e boas práticas que têm nascido um pouco por todo o país, inspiradas na reflexão do Papa argentino.

“Esse será um dos pontos a ressaltar neste encontro, que é não só uma proposta de reflexão em que as pessoas vão escutar, mas também uma troca de impressões a partir da sua experiência, por exemplo de Bragança ao Algarve, dos Açores à Madeira. Vamos ter essa grande experiência de diálogo, e isso é o que mais importa”, apontou o padre José Manuel Pereira de Almeida.

No caso da exortação “A Alegria do Amor”, ela é dedicada a temas como “a fragilidade das famílias, o trabalho, o desafio da educação dos filhos e a construção da felicidade”.

Temáticas que, de acordo com o sacerdote, tocam também muito o nosso país e que o SNPS tem procurado “aplicar à realidade portuguesa”, nas “dioceses”, na relação “com os seus bispos”.

Até esta quinta-feira, estarão entre os oradores do encontro anual do Secretariado Nacional da Pastoral Social figuras como D. Manuel Clemente e D. António Marto, respetivamente presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Também o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro; o atual administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, e presidente do Centro Nacional da Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins; e o teólogo e professor universitário Juan Ambrósio.

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