“Maior compromisso dos católicos” nas estruturas de governo da região e “novo fôlego” para a pastoral vocacional são pedidos deixados ao novo bispo por um jornalista e pelo Reitor do Seminário

Foto: Igreja Açores

D. Armando Esteves Domingues entra na diocese no próximo domingo

A Igreja, sendo uma instituição com “um papel relevante histórico” na Região, deve intervir cada vez mais sobretudo junto dos mais frágeis, defende o jornalista e diretor do jornal Diário dos Açores, a menos de uma semana da entrada do novo bispo D. Armando Esteves Domingues, no próximo dia 15.

“A meu ver a Igreja açoriana tem um grande desafio e o novo bispo chega numa altura difícil para a diocese: enfrenta uma diocese desmotivada e recheada de problemas sociais e económicos” refere o jornalista Osvaldo Cabral.

“A Igreja açoriana sempre teve um papel preponderante nas famílias mais pobres; a Igreja afastou-se desta realidade e, por isso, agora tem de retomar aquela que é a sua principal missão: tem de intervir mais, estar mais próxima e dar uma palavra” a estas franjas da sociedade, refere ainda o jornalista do Diário dos Açores.

“D. Armando vai ter muito trabalho pela frente, nomeadamente para reorganizar internamente uma diocese desmotivada, inexplicavelmente em sede vacante mais de um ano e depois com uma comunidade católica que se espera intervenha muito mais na vida política e social da região”, explicita ainda, sublinhando que o diagnóstico da situação social e económica da região está feito pela própria Igreja.

“Ninguém conhece tão bem a realidade como a Igreja; há um diagnóstico feito pela pastoral social, através de um inquérito dirigido às 165 paróquias, onde se relatam problemas sociais graves como a toxicodependência, as doenças do foro mental, as adições, os problemas económicos, de exclusão… e se era assim há seis anos, imagine-se hoje”, destaca o jornalista.

“Não faltam dramas sociais nesta Igreja e D. Armando pode pegar no slogan do Papa-os pobres não podem esperar e eleger este como o seu programa de `governo´”, conclui Osvaldo Cabral desejando bom trabalho ao novo prelado.

Santos Narciso, do Correio dos Açores, afirma também que  “é uma alegria esta fase de advento episcopal , que  constitui um facto extraordinário, porque se trata de um tempo de esperança”.

“Todos os católicos da diocese estarão absolutamente esperançosos que teremos um episcopado diferente, virado para a s pessoas, humilde e próximo”, refere o jornalista ao sublinhar as qualidades de “pastor” do novo bispo.

“Foi pároco de um número de paróquias superior ao número de ilhas, foi capelão, foi professor no seminário, foi diretor de um jornal por isso está habilitado em várias dimensões para ser um pastor nos Açores” refere lembrando que “deve ser dado tempo para que ele, que vem da interioridade se habitue à insularidade”.

O jornalista micaelense exorta ainda os açorianos “a dar tudo” para que o novo bispo se sinta em casa, sem “ter medo das diferenças”.

“Temos de dar esta oportunidade : temos uma diocese ansiosa por mudanças, com um tempo marcado pelo sínodo e uma jornada mundial da juventude. Partindo destes dois grandes momentos e aproveitando a religiosidade popular dos Açores penso que teremos um novo tempo de esperança”, refere frisando a necessidade de uma Igreja “m ais evangélica, com menos ostentação e atenta às necessidades das pessoas”.

Já o Reitor do Seminário Episcopal de Angra, padre Hélder Miranda Alexandre, diz que é tempo de conhecer o passado “com 160 anos” e perspetivar o presente o futuro da instituição de forma a não se tomar “decisões precipitadas”.

“O problema do Seminário não é exclusivo dos Açores; é transversal a todas as dioceses e exige uma reflexão conjunta” refere o sacerdote ao Igreja Açores destacando que a equipa formadora “irá ter uma conversa franca” com o novo bispo sobre a situação que o Seminário vive, concretamente, a preocupação de há dois anos consecutivos não entrarem novos alunos, embora “a reflexão tenha de ser mais alargada”.

“O senhor bispo vai ter que tomar algumas decisões fundamentais para que se pense o modelo de formação sacerdotal nos Açores e não existam precipitações, para já em relação aos que vão ser ordenados e depois em ordem ao futuro da própria instituição” refere o padre Hélder Miranda Alexandre.

O Reitor lembra que a diocese esteve muito tempo sem bispo e isso também acaba por ter influência nas orientações para o desenvolvimento da pastoral, incluindo a vocacional.

“É com muita esperança que o acolhemos”, conclui.

Nos próximos dias, antes da entrada do novo bispo, o Sítio Igreja Açores percorrerá os vários serviços e movimentos procurando auscultar as expectativas e os desafios que a chegada de um novo bispo à diocese estão a suscitar.

D. Armando Esteves Domingues entra na diocese no dia 15 de janeiro, numa celebração que começa às 16h00, junto à Igreja da Misericórdia de Angra; segue depois em cortejo processional pelas ruas Direita e da Sé, em Angra do Heroísmo, e na Catedral celebrará pela primeira vez. Além do clero das diferentes ilhas, a cerimónia de entrada do novo bispo contará com a presença de vários bispos diocesanos da Conferência Episcopal Portuguesa bem como sacerdotes das dioceses continentais onde serviu de forma mais próxima nomeadamente Viseu e Porto, bem como da sua diocese de nascimento, Portalegre- Castelo Branco.

D.Armando Esteves Domingues é natural de Oleiros e antes de ser nomeado bispo de Angra era bispo auxiliar do Porto, desde 2018.

(Notícia atualizada às 12h00 de hoje)

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