O valor da Palavra

Por Renato Moura

Foi o Concílio Vaticano II que ordenou a reforma destinada a valorizar a Palavra nas celebrações litúrgicas. Sendo incontroverso que a consagração é o momento fulcral da Eucaristia, é também indiscutível o valor enorme das leituras da Sagrada Escritura. “Bebe-se o Cristo do cálice das Escrituras como do cálice da Eucaristia” é uma afirmação atribuída a Santo Agostinho.

Nesta Quaresma o Papa Francisco apela a que se apague a televisão e se abra a Bíblia, a que se desligue o telemóvel e se ligue ao Evangelho.

A Palavra, na primeira parte da Missa, é essencial, pois é quando mais directamente podemos sentir a presença de Cristo, quando Ele nos fala através dos textos bíblicos que são trazidos à nossa escuta e reflexão. Há leituras próprias da Bíblia escolhidas para a celebração da Eucaristia em cada dia, seja Domingo ou dia de semana.

Só a título de exemplo, recentemente se recordava, do Evangelho segundo S. Lucas: “Então Jesus, tomando a palavra, disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam»”.

Do Livro de Isaías: “Jejuais, sim, mas no meio de contendas e discussões e dando punhadas sem piedade. Não são jejuns como os que fazeis agora que farão ouvir no alto a vossa voz (…) O jejum que me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jogos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante?”.

E do Livro do Levítico: “Não furtareis, não direis mentiras, nem cometereis fraudes uns com os outros. Não prestarás juramento falso (…) Não oprimirás nem expropriarás o teu próximo. Não ficará contigo até ao dia seguinte o salário do jornaleiro (…) Não cometerás injustiças nos teus julgamentos: não favorecerás indevidamente um pobre, nem darás preferência ao poderoso (…) Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo (…) Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”

Poucos são os que podem participar diariamente na celebração da Missa. Mas o pequeno investimento na compra de um Missal Quotidiano, ou o recurso à Internet, permite que, na comodidade da casa, no sossego do silêncio, se possam ler e meditar os trechos da Bíblia apropriados para esse dia, no contexto do tempo litúrgico que se está a viver.

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