Papa condena terrorismo fundamentalista e pede fim das «ofensas» às religiões

Francisco diz que a liberdade de expressão tem «limites»

O Papa Francisco condenou hoje de novo os atentados terroristas da última semana em Paris e pediu o fim das “ofensas” contra as religiões, sublinhando que a liberdade de expressão tem “limites”.

“Não se pode matar em nome de Deus, isso é uma aberração”, declarou, em conferência de imprensa durante o voo que o levou do Sri Lanka às Filipinas, segunda etapa da viagem que se iniciou na segunda-feira.

Francisco sublinhou que a liberdade religiosa e a liberdade de expressão são “dois direitos humanos fundamentais” e disse que, neste contexto, “não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros”.

“Há um limite, toda a religião tem dignidade, não posso troçar de uma religião que respeite a vida humana, a pessoa”, acrescentou.

12 pessoas, entre jornalistas e polícias, foram mortas na última quarta-feira após um atentado contra o jornal satírico ‘Charlie Hebdo’, que esta semana publica uma caricatura com o profeta Maomé.

Francisco defendeu que o uso da liberdade não justifica o festo de “ofender”.

“É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se o doutor Gasbarri [organizador das viagens pontifícias, que se encontra normalmente junto do Papa], que é um amigo, ofender a minha mãe, vai levar um murro”, gracejou.

O Papa insistiu, depois, na ideia de que “na liberdade de expressão há limites”.

“Muita gente ofende, faz chacota, faz pouco da religião dos outros. Esses provocam e pode acontecer aquilo que aconteceria ao doutro Gasbarri se dissesse alguma coisa contra a minha mãe”, alertou.

Francisco citou o discurso de Bento XVI em Ratisbona (2006), Alemanha, no qual o Papa emérito falou de uma “mentalidade pós-relativista” que leva a apresentar as religiões e as expressões religiosas “como uma espécie de subcultura, toleradas”.

“Cada um tem o direito de praticar a sua própria religião, sem ofender, e assim queremos fazer todos. Em segundo lugar: não se pode ofender ou fazer a guerra, matar em nome da própria religião, em nome de Deus”, observou.

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