A sociedade de hoje “não cuida da comunicação” afirma Manuel Pinto

O professor de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho abriu as II Jornadas Diocesanas de Comunicação em Angra

A formação para o uso critico dos media e a capacidade de ler a sua atuação na promoção da dignidade humana são dois grandes desafios que se impõem na sociedade da comunicação que hoje vivemos, disse esta manhã Manuel Pinto, professor catedrático da Universidade do Minho que proferiu a primeira conferência das II Jornadas Diocesanas de Comunicação, que se realizam em Angra do Heroísmo.

Para o investigador o grande perigo da sociedade da comunicação é “matar a própria comunicação” porque se “hipervaloriza um modelo transmissivo em detrimento de um mundo ritual” que devolva à comunicação a sua “função principal que é promover a dignidade humana e uma convivência que nos permita viver melhor”.

Para Manuel Pinto as novidades tecnológicas não são necessariamente a materialização de um mundo melhor e hoje, “definitivamente não temos melhor comunicação apesar das ferramentas tecnológicas de que dispomos”.

“O mundo vive uma arrogância moral e intelectual que em si mesma é um desrespeito do outro e pelo outro” disse o docente criticando a “autorreferencialidade da própria comunicação social que mata qualquer possibilidade de comunicação”.

Manuel Pinto sublinha que a “criação de pontes é crucial para garantir o ambiente simbólico sem o qual o ambiente tecnológico não pode sobreviver bem”.

A partir da ideia de uma ecologia integral, presente nas sucessivas mensagens do Papa Francisco, o investigador da Universidade do Minho lembra que é “essencial” nesta sociedade fazer uma ligação entre a biosfera e a socioesfera, onde cabem naturalmente os media.

“Não podemos morrer por intoxicação comunicacional e hoje é preciso dizer isto de forma clara: podemos matar pela comunicação e na internet, por exemplo, isso é uma realidade diária”.

“Seria bom que conseguíssemos retomar o modelo do bom comunicador que nos é apresentado pelo Papa Francisco que é o da parábola do Bom Samaritano: o que para, o que dá, o que ouve e o que recebe, sem arrogância”. E, isto faz-se através de “uma educação para os media nas escolas e nas famílias”.

O professor da Universidade do Minho lembrou ainda o contexto social que se vive na sociedade da informação e que se prende com a criação de três realidades sociais muito vincadas como os refugiados, os descartados e os precários.

As II Jornadas de Comunicação promovidas pela diocese de Angra intituladas “Comunicação: uma ponte para a inclusão” começaram com uma intervenção do Diretor do Serviço Diocesano da Pastoral das Comunicações Sociais.

O Cónego Ricardo Henriques desafiou os presentes a refletirem sobre a responsabilidade social dos media e dos jornalistas em particular para a construção de uma sociedade melhor.

As jornadas prosseguem hoje durante o dia reunindo especialistas da área da comunicação, jornalistas e sacerdotes.

As jornadas terminam com uma conferência do Professor Viriato Soromenho Marques intitulada “Habitar a Terra em conjunto: um dever e uma tarefa inadiáveis”.

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