D. João Lavrador sublinha papel “fundamental” dos sacerdotes na edificação das comunidades cristãs

Bispo de Angra presidiu à Missa Crismal e desafiou o clero a encontrar-se “vitalmente” com os pobres e oprimidos, proclamando o evangelho

O bispo de Angra presidiu esta tarde à Missa Crismal, celebrada na Sé, e desafiou os sacerdotes a serem um modelo para as comunidades cristãs, sobretudo nestes tempos “desafiadores” que exigem “um esforço redobrado de todos”, seja na proclamação da palavra a quem dela precisa seja no testemunho de vida cristã.

“O modo de ser de cada um de nós e como estamos em presbitério é algo de fundamental para edificarmos comunidades cristãs” assinalou D. João Lavrador na homilia da Missa Crismal, adiada da Semana Santa para esta data, na sequência da pandemia da covid-19.

“Nestes tempos de pandemia e atendendo às vítimas que dela resultam, esta exigência torna-se ainda mais premente, discernindo, acolhendo, partilhando e incentivando. Pertence-nos a nós, junto das nossas comunidades, a iniciativa de proclamar pela palavra e testemunhar com os nossos comportamentos o mundo mais humano que se exige a partir do contexto em que vivemos” assinalou D. João Lavrador.

“Somos enviados com a missão especifica de nos encontrarmos vitalmente com os pobres, com os cativos e com aqueles que estão oprimidos, e ainda, com aqueles que ainda não abriram o seu olhar para a verdade de Deus e continuam a viver nas trevas” disse ainda.

Dirigindo-se aos sacerdotes, que renovaram as suas promessas, como é hábito na Missa Crismal, o prelado diocesano lembrou a responsabilidade dos padres na dinamização da experiência comunitária da fé, alicerçada em serviços e ministérios.

“A fé cristã vive-se na experiência comunitária. É exigência do sacerdote que faça uma verdadeira experiência comunitária” , com a sua palavra e com o seu testemunho pois “é a comunidade que professa a fé; é a comunidade que se abre para o acolhimento a novos cristãos; é a comunidade que forma e catequiza; é a comunidade que desperta as vocações nos seus membros; é a comunidade que integra, acolhe, partilha e dignifica todo o ser humano; é a comunidade que evangeliza e dá testemunho do Evangelho de Jesus Cristo. É a comunidade cristã que se fundamenta na vivência da Eucaristia; nela fortalece os laços de comunhão e dela brota o dinamismo para a missão”, adiantou ainda.

Para o bispo de Angra esta tarefa exige uma verdadeira comunhão do presbitério.

“Urge sair de nós próprios; temos de deixar de nos refugiarmos nos nossos comodismos, nos nossos horários, nas nossas criticas mordazes, nas nossas rotinas. Pelo contrário, temos de cultivar a humildade, a empatia, a fraternidade, o desejo de estar com o outro, a valorização do nosso irmão e a alegria do nosso sacerdócio convivido com os outros sacerdotes e com os fiéis”, destacou ao lembrar que a missão sacerdotal exige uma “vida simples, humilde, sóbria, desprendida, aprendendo com os pobres a riqueza de vivermos em comunhão com Deus e com os irmãos.”

“Uma comunidade cristã consciente e evangelizadora, proporcionará os serviços necessários ao seu crescimento e à sua missão, através do anuncio, da celebração dos mistérios da fé e da partilha fraterna e ainda aqueles que são se destinam ao diálogo evangélico com o mundo”, afirmou ainda.

“Uma comunidade cristã a viver a sinodalidade criará as condições para cada baptizado, nomeadamente, crianças, adolescentes e jovens, na sua caminhada de fé, descubram o chamamento de Jesus Cristo e se entreguem a Ele na alegria e com entusiasmo” ressalvou ao nomear a família como sendo um elemento fundamental na descoberta vocacional de cada cristão.

Na homilia desta celebração, durante a qual foram ainda assinalados quatro jubileus sacerdotais- os dos cónego Gil Mendonça pelos 70 anos de ordenação sacerdotal e dos padres António Henrique Pereira, José Paulo Machado e Herminio Mendes pelos 25 anos de ordenação sacerdotal-  o prelado ressalvou a importância do momento presente da diocese de Angra, e deixou um apelo.

“Caros sacerdotes, não desperdicemos esta hora de graça para a nossa Igreja diocesana. É um tempo exigente? É sem dúvida. É uma caminhada que nos desinstala? Com certeza. Que é um itinerário que exige escuta, criatividade, humildade e despojamento? É verdade. Contudo, é uma exigência permanentemente repetida e referida pelo Santo Padre o Papa Francisco e é sobretudo uma resposta aos Sinais dos Tempos presentes no mundo de hoje a exigir a luz do Espirito de Deus para uma acção evangelizadora da Igreja” exortou D. João Lavrador.

O bispo de Angra terminou a sua homilia dando graças pela “vida sacerdotal de todos os presbíteros que celebram neste ano datas jubilares”.

“Foram convidados a estardes aqui connosco, nesta celebração, para vos manifestarmos a nossa gratidão pela vossa entrega total ao serviço do Evangelho”, concluiu.

Nesta celebração participaram além dos sacerdotes das ouvidorias de Angra e da Praia da Vitória, o bispo emérito de Angra, D. António de Sousa Braga, que no passado dia 17 de maio celebrou 50 anos de ordenação sacerdotal. O bispo emérito, o 38º bispo de Angra, o segundo açoriano na história da diocese, foi ordenado a 17 de maio de 1970 pelo papa Paulo VI em Roma.

Esta celebração na Catedral repetir-se-á na Madalena do Pico no dia 23 e no dia 25 em Ponta Delgada. A Missa Crismal, onde se benzem também os santos óleos que depois são usados nos sacramentos do batismo, crisma e unção dos doentes foram também benzidos nesta celebração.

A Missa Crismal costuma ser celebrada na Quinta-feira Santa, mas por motivos locais pode ser antecipada pelo bispo ou retardada por decisão da Santa Sé, como aconteceu este ano por causa da impossibilidade de serem celebradas missas com a participação dos fieis e de vivermos um período de especial confinamento.

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