Este período de sede vacante pode ser um momento de “afirmação da maturidade” da Igreja diocesana, afirma novo Administrador Diocesano

O cónego Hélder Fonseca Mendes, em entrevista ao Igreja Açores, antecipa o seu modelo de governação, “numa atitude de continuidade e responsabilidade”, sempre em diálogo próximo com as situações concretas (C/ Áudio)

Na entrevista que pode ouvir na integra no próximo domingo, no programa de rádio Igreja Açores, que vai para o ar na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, a partir do meio dia, o novo Administrador Diocesano, eleito pelo Colégio de Consultores, no dia 30 de novembro, afirma que o seu governo será de “continuidade” no que toca ao programa pastoral definido até agosto de 2022, mas igualmente “atento e próximo” .

“Entendo o cargo de alguma maneira numa atitude de continuidade e responsabilidade do cargo que já tinha na diocese como Vigário Geral(…) Depois da minha eleição disse aos meus colegas que este era o órgão mais próximo de aconselhamento e de presença; entendo que é este o papel deste órgão sobretudo em tempo de sede vacante” refere o sacerdote na entrevista, salientando o programa que já tem definido, embora com uma dificuldade de planeamento óbvia que resulta da “natureza intemporal do cargo”.

Quanto ao programa pastoral diocesano, afirma que  “não vou criar novidade mas também não vou criar bloqueios ao que a Diocese tem programado e que está definido até agosto de 2022”.

“Vamos seguir a nossa programação pastoral. Não há razão para alterar, nem há razão para pararmos. Julgo que este pode ser um tempo importante da Igreja diocesana na manifestação da sua maturidade” esclarece.

“A maior parte das pessoas nunca viveu esta situação, pois desde 1928 que não temos um período de sede vacante, mas é uma oportunidade para afirmar a maturidade da Igreja diocesana, em que cada pessoa assume os seus carismas, as suas responsabilidades quanto a tudo o que deve e pode fazer”, afirma recusando outro cenário que poderia revelar alguma “infantilidade”.

Do programa pastoral resulta o apelo à `Caminhada sinodal´, que terá de ser articulada com o Sínodo dos Bispos, que está agora numa fase de auscultação paroquial. O Administrador Diocesano reconhece que o assunto tem gerado alguma tensão, mas agora não é tempo de parar o processo.

“Não é minha intenção criar um programa pastoral novo nem mandar parar o que está em curso. Bem sei que há dificuldades, que não derivam da sede vacante mas que estão presentes desde o conselho presbiteral que aprovou esta caminhada sinodal. Gostava de recordar que o facto de chamarmos caminhada sinodal não tira valor ao programa pastoral que estamos a cumprir este ano. Se alguém não gosta desta designação então que pergunte o que estamos a fazer”, afirma.

“Há 25 anos que aprovamos orientações comuns para cada ano e a nossa orientação pastoral para este ano está definida: como é que nós somos uma igreja missonária para fora e como somos uma igreja integradora das pessoas mais pobres, sobretudo nesta situação de pandemia;  como é que integramos os mais pobres e como é que os acompanhamos” relembra reafirmando que “ o tema pastoral é transversal seja na questão da Igreja missionária seja na atenção à pastoral social”.

“Não me parece que tenhamos de cortar com esta linha só por estarmos em sede vacante, truncá-la: ou não fazermos nada ou fazermos outra coisa… Entre não fazer nada e fazer outra coisa, vamos continuar até por respeito a muitas comunidades que estão a trabalhar nessa linha”, enfatiza.

“Ao mesmo tempo daremos atenção ao sínodo dos bispos encarregando cada membro da Comissão Sinodal da preparação e reflexão sobre cada um dos 10 eixos propostos  por Roma. O que será feito ao longo de seis meses”, esclarece.

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Nesta entrevista, que pode ouvir na integra no programa de Rádio Igreja Açores, no próximo domingo, na Antena 1 Açores e no Rádio Clube de Angra, o sacerdote lembra que sente “mais desprotegido do ponto de vista humano” por não estar ao lado de um bispo, mas ciente de que está “protegido por Deus e a partir do próprio presbitério”. Quanto a uma nomeação episcopal, como bispo de Angra lembra que “teoricamente é possível mas historicamente não é normal”.

“Nos nossos quinhentos anos apenas tivemos dois bispos açorianos, e ambos religiosos. A seguir-se a tradição de cinco séculos, não creio que possa ser nomeado um padre diocesano”.

O cónego Hélder Fonseca Mendes nasceu em 1964 em Angra do Heroísmo, onde foi ordenado diácono em 1987 e presbítero em 1988. Foi pároco da Ribeirinha na Terceira desde a sua ordenação até à transferência para a Sé de Angra, onde é pároco desde 1999. Desde esse ano é professor de teologia pastoral no Seminário Maior. Foi Secretário Diocesano da Educação Cristã de 1989 a 2005 e Ouvidor de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Foi Vigário Geral da Diocese de Angra, de 2005 a 2021. Foi membro do Conselho Pastoral Diocesano, do Conselho Presbiteral e do Conselho Episcopal. É membro do Colégio de Consultores, do Cabido da Catedral de Angra e das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém. É diretor do Boletim Eclesiástico dos Açores e sócio efetivo dos Institutos Culturais sedeados em Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Fez os seus estudos no Seminário Episcopal de Angra, sendo licenciado em teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, com especialização em teologia prática pelo Instituto Superior de Pastoral de Madrid. É doutorado em teologia pela Universidade Pontifícia de Salamanca, com a tese «Do Espírito Santo à Trindade – um programa social de cristianismo inculturado».

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