“Já sinto esta diocese como a minha e sinto que as pessoas me aceitam como seu”, diz D. João Lavrador

Assinala-se esta quarta feira o segundo aniversário da entrada na diocese do bispo de Angra

O bispo de Angra, D. João Lavrador, chegou à Diocese há dois anos e, em declarações ao Igreja Açores, diz que “já se sente um açoriano” não só nas ilhas mas também na diáspora.

“Sinto-me um açoriano aqui e na diáspora. Os vários momentos de encontro que vou tendo já denotam que vou incarnando esta cultura e esta forma de ser açoriano e, por aquilo que vou vendo, as pessoas já me sentem delas e eu também já me sinto mais próximo, embora este processo seja sempre contínuo” refere o D. João Lavrador numa entrevista de balanço da actividade desenvolvida nestes dois anos de episcopado, primeiro como coadjutor e depois como bispo titular, que pode ouvir na íntegra no domingo, dia 3 de dezembro, a partir do meio dia no programa conduzido por Tatiana Ourique no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.

“Já sinto esta diocese como minha!” precisa o prelado que chegou aos Açores no dia 29 de novembro de 2015, como bispo coadjutor de D. António Sousa Braga.

Em janeiro de 2016 teve a sua primeira “prova de fogo”, acompanhando o périplo da imagem da Virgem Peregrina de Fátima às diferentes ilhas com exceção da Graciosa e de São Jorge.

A viagem permitiu conhecer praticamente sete das nove ilhas do arquipélago em pouco menos de dois meses e inteirar-se de um dos aspectos mais relevantes da cultura açoriana que é a sua religiosidade popular “muito acentuada”, como o próprio reconhece.

“A vida da igreja é sempre uma vida em continuidade e renovação”, sublinha e “a minha primeira predisposição foi continuar o trabalho muito meritório dos meus antecessores”, sem deixar de “colocar uma marca pessoal”.

“Desde que cheguei tive a preocupação de auscultar, estar atento, conhecer a realidade social e eclesial e nessa atenção procurar pôr em prática alguns dinamismos em ordem a que a renovação conciliar penetrasse na vida diocesana”, destaca o 39º bispo de Angra, natural de Seixo de Mira, no distrito de Coimbra.

“A partir da realidade procurei encontrar uma prioridade e a primeira que achei muito adequada foi a questão social” reconhece.

“Temos uma pastoral social muito ativa e, porque temos uma realidade ainda muito marcada pelo desemprego, pela pobreza e pela exclusão, percebi que esta tinha que ser a nossa prioridade diocesana”. E, de facto, há dois anos que as orientações diocesanas de pastoral se centram nas questões sociais tendo sido promovidas várias reuniões não só dos serviços e organismos da igreja mas também entidades públicas e privadas de forma a ser conseguido um trabalho em rede que mitigue as dificuldades das famílias açorianas.

Além disso, os jovens estão igualmente na mira do novo prelado.

“Eu tenho particularmente uma predileção pelos jovens e agora que o Santo Padre marcou um sínodo para os jovens, estamos muito empenhados porque se trata de uma oportunidade para provocar a diocese para uma atenção especial aos jovens desafiando as comunidades a aceitarem-nos e a integrarem-nos e simultaneamente desafiando os jovens a colocarem-se numa atitude de compromisso com a igreja”, referiu ainda.

Entre as iniciativas do novo prelado está também uma de nível administrativo que passou pela criação de três vigararias: a nascente (São Miguel e Santa Maria), a Central (Terceira, São Jorge e Graciosa) e a Ocidente (Pico, Faial, Flores e Corvo), e que dá resposta as necessidades que decorrem da dispersão geográfica. Acresce a estas três vigararias- “a melhor maneira de promover uma proximidade e uma dinamização da diocese”- uma quarta vigararia para a formação, quer de leigos quer do clero.

A este respeito, o prelado diocesano considera ser “indispensável” a aposta na formação de leigos para “um compromisso público mais claro” e “efectivo”.

“A formação de excelência tem que ser uma prioridade e estou em crer que com a revitalização do Instituto Católico de Cultura vamos delinear um itinerário formativo mais adequado”, adianta sem descurar a formação do Clero.

“É um ponto da máxima importância o nosso Seminário não só pelo trabalho que está a desenvolver mas por aquele que ainda pode vir a desenvolver nomeadamente no acompanhamento e no despertar de novas vocações”, salienta.

“Tenho uma grande estima pelo Seminário e pelo trabalho dos sacerdotes com quem procuro estar de uma forma muito próxima seja nos retiros, seja nas recoleções ou nas visitas pastorais”. Desde que chegou ao arquipélago já ordenou três sacerdotes. No próximo dia 8 vai ordenar mais três diáconos, um deles com vista ao sacerdócio.

D.João Evangelista Pimentel Lavrador nasceu a 18 de fevereiro de 1956, em Seixo de Mira, Concelho de Mira, Distrito de Coimbra. Foi ordenado presbítero em junho de 1981, na Sé nova de Coimbra e era desde o dia 29 de junho de 2008, Bispo Auxiliar do Porto, nomeado pelo Papa Bento XVI, tendo tido como bispos ordenantes D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, e D. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra.

  1. João Lavrador entrou em 1967 no Seminário de Buarcos e, no ano seguinte, no Seminário Menor da Figueira da Foz, frequentando as aulas no Liceu da Figueira da Foz.

Em 1972 transitou para o Seminário Maior de Coimbra, completando os estudos liceais em 1974, prestado provas de exame no Liceu Dom Duarte em Coimbra.

Entre 1974 e 1980 frequentou o Instituto Superior de Estudos Teológicos, terminando o curso de teologia em 1980. Fez parte, como aluno, da Comissão Directiva do ISET, durante vários mandatos .

Entre 1980 e 1984 colaborou na vida pastoral da paróquia de Pombal, ajudando o respectivo pároco. Durante este período, leccionou nas Escolas Preparatória e Secundária de Pombal a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Entre 1984 e 1988 foi responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Assistente Regional do CNE. Durante este período, lecionou, na Escola Normal de Educadores de Infância de Coimbra, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.

Entre 1988 e 1990 frequentou a Universidade Pontifícia de Salamanca, terminando a sua licenciatura canónica na área da Teologia Dogmática com a apresentação da Dissertação “O Laicado no Magistério dos Bispos Portugueses, a partir do Vaticano II”.

Em 1991 fez o curriculum escolar para o doutoramento, cujo grau obteve em 1993, apresentando e defendendo a tese “Pensamento Teológico de D. Miguel da Anunciação –Bispo de Coimbra (1741 – 1779) e renovador da Diocese”.

Desde 1991 tem vindo a lecionar no ISET de Coimbra, a disciplina de Teologia Dogmática.

Da sua vida pastoral, e até que foi ordenado Bispo Auxiliar da Diocese do Porto, D. João Lavrador foi entre 1991 e 1997 Reitor do Seminário Maior de Coimbra. Entre 1993 e 1999 desempenhou o cargo de Secretário Geral do Sínodo Diocesano de Coimbra e, em 1997 foi nomeado Pró-Vigário Geral da Diocese de Coimbra e membro do Conselho Episcopal Diocesano.

Em 1998 foi nomeado Diretor do Instituto Universitário Justiça e Paz e Coordenador da Pastoral do Ensino Superior. Em 2001, com a reactivação do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), é nomeado seu assistente eclesiástico.

Em 1998 é nomeado capelão do Carmelo de Santa Teresa de Coimbra e em 1999 Cónego da Sé de Coimbra e do Colégio de Consultores.

A partir de 1999 desempenha as funções de Secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais, cuja Comissão, a partir de 2005, se denomina de Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais. Atualmente é o presidente desta Comissão Episcopal.

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