Mensagem do Papa liga preparação para a Páscoa ao Sínodo, pedindo abertura à “novidade”

Francisco alerta para tentações “do imobilismo e da experimentação improvisada”

O Papa dedicou a sua mensagem para a Quaresma 2023, publicada hoje, ao processo sinodal em curso na Igreja Católica, pedindo abertura à “novidade”, por parte dos católicos.

“O caminho sinodal está radicado na tradição da Igreja e, ao mesmo tempo, aberto para a novidade. A tradição é fonte de inspiração para procurar estradas novas, evitando as contrapostas tentações do imobilismo e da experimentação improvisada”, escreve, num texto dedicado ao tema ‘Ascese quaresmal, itinerário sinodal’.

Francisco aponta a uma “transfiguração, pessoal e eclesial”, na preparação para a Páscoa e no Sínodo 2021-2024.

“É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha. Estes requisitos são importantes também para o caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar. Far-nos-á bem refletir sobre esta relação que existe entre a ascese quaresmal e a experiência sinodal”, apela.

A mensagem pede atenção particular aos “rostos e vicissitudes daqueles que precisam de ajuda”.

“A escuta de Cristo passa também através da escuta dos irmãos e irmãs na Igreja; nalgumas fases, esta escuta recíproca é o objetivo principal, mas permanece sempre indispensável no método e estilo duma Igreja sinodal”.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início com a celebração de Cinzas (22 de fevereiro, em 2023), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 9 de abril).

O Papa sugere uma maior atenção, neste período, para a leitura da Bíblia e a celebração litúrgica.

“Se não pudermos participar sempre na Missa, ao menos leiamos as Leituras bíblicas de cada dia valendo-nos até da ajuda da internet”, recomenda.

Francisco alerta para os perigos de uma “religiosidade feita de acontecimentos extraordinários”, que ignora a vida quotidiana.

“Para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e acolher profundamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total de si mesmo por amor, é preciso deixar-se conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades”, acrescenta.

Numa reflexão sobre a vivência espiritual da Quaresma, o Papa sustenta que “tanto no itinerário litúrgico como no do Sínodo, a Igreja não faz outra coisa senão entrar cada vez mais profunda e plenamente no mistério de Cristo Salvador”.

“Podemos dizer que o nosso caminho quaresmal é ‘sinodal’, porque o percorremos juntos pelo mesmo caminho, discípulos do único Mestre”, realça.

“Também o processo sinodal se apresenta árduo e por vezes podemos até desanimar, mas aquilo que nos espera no final é algo, sem dúvida, maravilhoso e surpreendente, que nos ajudará a compreender melhor a vontade de Deus e a nossa missão ao serviço do seu Reino”, afirma.

Na sequência de uma inédita consulta global às comunidades católicas, lançada pelo Papa em outubro de 2021, sete assembleias continentais acontecem entre fevereiro e março, com a seguinte divisão: África e Madagáscar (SECAM), América Latina e Caraíbas (CELAM), América do Norte (EUA/Canadá), Ásia (FABC), Europa (CCEE), Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais) e Oceânia (FCBCO).

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

(Com Ecclesia)

Scroll to Top