Património religioso é um bem que tem de ser preservado e é uma maneira da Igreja dizer a sua história

Património e cultura são duas realidades dinâmicas que a Igreja deve preservar e estimular como forma de evangelização

O bispo de Angra proferiu esta terça feira uma conferência sobre Património e Evangelização onde afirmou a importância da preservação do património e do diálogo permanente entre a Igreja e a cultura.

Na iniciativa, promovida pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira, em parceria com a Câmara de Angra do Heroísmo, no âmbito das  comemorações do Dia dos Bens Culturais, celebrado no passado dia 18 de outubro, D. João Lavrador sublinhou a dinâmica própria do diálogo entre a cultura e a Igreja, em cada época, e a forma como esse dinamismo é expresso nas diferentes formas da arte se dizer.

“O Património fala na sua história, na sua beleza e na sua arte. Estamos habituados a referirmo-nos ao património como algo estático e do passado. Na verdade, qualquer obra que se integra no património histórico carrega em si mesma uma vida que exprime através da arte. Pertence ao presente saber interpretar a profundidade dos conteúdos que nortearam a edificação da referida obra que nos foi legada”, afirmou o prelado numa comunicação recheada de referências aos vários documentos da Igreja que acentuam esta necessidade permanente de diálogo da Igreja com a cultura.

O prelado destacou a importância da Igreja ser capaz de preservar o seu património, procurando interpretá-lo à luz de cada momento, dado que ele se apresenta como uma forma de evangelização.

O bispo de Angra, que é também presidente da Comissão Episcopal dos Bens Culturais, lembrou que o património religioso tem duas funções: uma de serviço e outra de evangelização pela arte.

“Por esta razão, é necessário atuar para que tanto os bens em uso como os que se encontram em desuso, se inter-relacionem com vista a garantir uma visão retrospetiva, uma funcionalidade atual e ulteriores perspetivas em benefício do território, de modo que se possam coordenar os museus, os monumentos, as ornamentações, as representações sagradas, as devoções populares, os arquivos, as bibliotecas, as coleções e qualquer outra tradição local” afirmou D. João Lavrador.

“Sendo uma linguagem que necessita de ser decifrada e transmitida, ela tem de ser conservada. Pertence-nos a nós, no presente da história, enriquecermo-nos com o legado patrimonial que nos foi deixado, mas também conservá-lo para o tornar agradável para as gerações futuras”, acrescentou ainda.

“O Património exige renovação. Só pela conservação e renovação se tornará linguagem que fala aos vindouros” sublinhou. A propósito do seu carácter evangelizador, o prelado lembrou ainda que o património é das realidades culturais que melhor interligam gerações que através dele saboreiam o passado, definem relações consistentes no presente e colocam raízes sólidas para o futuro”, concluiu destacando “a linguagem universal que resulta da sua riqueza simbólica”.

Deste modo a Igreja está consciente de que “ através dos artistas cristãos o Evangelho, fonte fecunda de inspiração, atinge numerosas pessoas desprovidas de contacto com a mensagem de Cristo” afirmou o prelado citando um documento do Conselho Pontifício para a Cultura, de maio de 1999.

Na conferência, em que também usou da palavra o presidente do Instituto Histórico da ilha Terceira, cónego João Maria Mendes, o bispo de Angra terminou com um apelo: que estes bens culturais e culturais da Igreja estejam aptos a inspirar a existência humana e cristã no alvorecer do Terceiro Milénio.

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