Vigário Geral da diocese de Angra convida peregrinos à santidade lembrando que “é para todos” desde que vivam “em união” com Cristo

Sermão da Mudança foi proferido pelo Cónego Hélder Fonseca Mendes

As festas do Santo Cristo dos Milagres, que decorrem este fim de semana, em Ponta Delgada, tiveram hoje um dos seus pontos altos, com a mudança da imagem do Convento da Esperança para o Santuário, no Campo de São Francisco, acompanhada musicalmente à saída da porta do Carro, no Convento da Esperança, por um grupo de vozes de alunos do Conservatório Regional de Ponta Delgada que interpretaram uma música original Ecce Homo, composta por Ana Paula Andrade.

No cortejo, que teve início pelas 16h30 locais (mais uma hora em Lisboa), participaram milhares de devotos que seguiram a imagem, alguns descalços e com molhos de círios (velas) às costas, no pagamento de promessas. Além dos peregrinos, a imagem foi acompanhada pela Irmandade do Senhor Santo Cristo à guarda de quem ficará até amanhã à noite, bem como pelo presidente das Festas, o Cardeal Patriarca de Lisboa, acompanhado do bispo de Angra e do reitor do Santuário bem como de vários sacerdotes diocesanos e de outras dioceses, do país e do estrangeiro.

O habitual sermão, que  este ano foi proferido no adro da Igreja do Senhor Santo Cristo pelo Vigário Geral da diocese de Angra, Cónego Hélder Fonseca Mendes, foi seguido pelos inúmeros fieis presentes nesta primeira procissão.

O sacerdote lembrou o sentido da festa : “Só faz sentido esta manifestação silenciosa, sincera, serena, dolorosa, grave, densa, discreta e festiva se não quisermos deixar o `santo´ aqui mas beber da santidade do seu espírito, que brotou do seu lado trespassado”.

“As vezes temos a tentação de pensar que não precisamos uns dos outros nem de Deus, mas Jesus adverte-nos `sem mim nada podeis fazer´. Também hoje quando a igreja nos explica o sentido das escrituras e nos reparte o pão da vida, os nossos olhos abrem-se e reconhecem Jesus como `meu senhor e meu Deus”, destacou o Cónego Hélder Fonseca Mendes.

“ Mesmo sem o tocar, passamos de incrédulos a crentes, e a prova é que estamos aqui, cansados mas felizes, diante da cena da paixão, sinal mais eloquente do amor de Deus por nós. É certo que não acreditamos por provas nem por razões, mas temos razões e testemunhos suficientes para acreditar no senhor Deus, o filho de deus que acampou e se mostrou realmente vivo no meio de nós”.

O sacerdote que citou neste sermão a recente exortação do Papa Francisco sobre a santidade- “Alegrai-vos e exultai”- sublinhou a importância e o caminho de santidade que pode ser trilhado por todos.

“Alguém dizia nestes dias anteriores à festa: `o santo não é só deles, é de todos´. E eu acrescento, a santidade não é só para alguns, é de facto para todos porque o Espírito Santo, o dom de Deus, como graça, é para todos não como algo que se tira e guarda quando queremos, que está longe e é raro, mas como habitação de Deus em nós”, disse ainda o Vigário Geral da Diocese explicitando o que é esta santidade.

“No fundo a santidade é viver em união com o Santo Cristo, os mistérios da sua vida; consiste em associar-se duma maneira única e pessoal à morte e ressurreição do Senhor; em morrer e ressuscitar continuamente com ele”.

O Cónego Hélder Fonseca Mendes deixou ainda um apelo aos peregrinos no sentido de concretizar este amor ao Senhor Santo Cristo nos outros, sobretudo nos mais frágeis, recuperando uma das preces da oração ao Senhor Santo Cristo.

“O Senhor do Universo quer a misericórdia e não o sacrifício e a compaixão tem muito maior valor que milhares de cordeiros gordos. Ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas”, acrescentou.

Encerrado no coro baixo do Convento ao longo de todo o ano, o Santo Cristo – uma imagem do  “Ecce Hommo” oferecida às freiras clarissas pelo papa Paulo III – sai à rua apenas no quinto fim-de-semana a seguir à Páscoa e a devoção ao Santo Cristo foi introduzida em São Miguel pela madre Teresa D´Anunciada.

Antes da mudança da imagem, centenas de peregrinos percorreram, hoje de manhã, de joelhos, o tapete de promessas em torno do Campo de São Francisco como forma de pagamento de promessas ao Senhor Santo Cristo dos Milagres.

Alguns dos fiéis, homens e mulheres, optam por cumprir a promessa sozinhos, mas outros, carregando molhos de círios (velas), fazem o trajeto acompanhados por familiares ou por amigos, que caminham ao seu lado.

Esta noite, à meia noite, a imagem voltará a sair da Igreja do Senhor Santo Cristo para a Igreja de São José onde decorrerá a Vigília durante toda a madrugada, animada por vários grupos de oração. A igreja de São José receberá igualmente inúmeros peregrinos que se deslocam das suas paróquias a pé para a Vigília.

As festas do Santo Cristo decorrem até quinta-feira.

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