Bispo de Angra diz que é tempo de “exigência, purificação e renovação” do sacerdócio

Clero açoriano convidado a renovar as promessas sacerdotais em Ponta Delgada, Horta e Angra em missas presididas por D. João Lavrador

O Bispo de Angra presidiu esta segunda-feira, em Ponta Delgada, à primeira de um conjunto de três missas, durante as quais o clero diocesano é convidado a renovar as suas promessas sacerdotais. Este é um gesto que ocorre habitualmente na Missa Crismal, que precede o inicio das celebrações do Tríduo Pascal, mas que, devido à condição arquipelágica da diocese, se celebra em dias alternados nas três vigararias, culminando na vigararia do Centro, onde se localiza a sede diocesana, na Catedral, na próxima quarta-feira.

Na celebração que teve lugar hoje ao final da manhã em Ponta Delgada, D. João Lavrador, na sua homilia, socorreu-se das “oportunas advertências” do Papa Francisco para convidar os sacerdotes a empenharem-se numa maior “comunhão”, “renovação” e “purificação”, abandonando o “clericalismo” e a tentação de serem “profissionais do sagrado”.

“Convido-vos a vós e mim próprio para uma entrega livre e generosa na missão pastoral que quebre com uma tradição de vários séculos que nos transformou em profissionais do sagrado, gerou a chaga do clericalismo e impediu a valorização de todo o povo de Deus e do exercício da liberdade pessoal que encara todos os lugares da missão como um desafio ao anuncio da Boa Nova”, afirmou o bispo de Angra.

O prelado diocesano apelou assim, “a uma comunhão mais nítida e forte” entre o clero, através de um “cuidado das relações de modo que tudo contribua para uma maior dignificação do presbitério”, retirando “ tudo que seja ataque à comunhão presbiteral”.

E, prosseguiu: “Ajudemo-nos a ultrapassar o tempo em que a missão era calculada e premeditada por cada um segundo os seus interesses e vivamos na entrega total, à maneira de Jesus Cristo que veio para servir e não para ser servido”.

O prelado que, acaba de terminar mais uma visita pastoral a Ponta Delgada, destacou a importância dos sacerdotes estarem atentos “à iluminação do Espirito” para “descobrir as orientações da sociedade contemporânea, reconhecer as necessidades espirituais mais profundas, determinar as tarefas concretas mais importantes, os métodos pastorais a adotar, e, assim, responder de modo adequado às expectativas humanas”.

“Estamos numa hora de muita exigência, de purificação e de renovação. De nós hoje, dependerá a credibilidade do ministério sacerdotal no meio do mundo actual”, advertiu D. João Lavrador indicando que a renovação passa por “ tornar nova a força e o dinamismo da graça que nos foi derramada na celebração da nossa ordenação presbiteral”.

O prelado lembrou a configuração do sacerdote a Cristo, a Quem se deve entregar no modo de viver e de agir.

“Incorporamo-nos num presbitério, em comunhão presbiteral, no qual e com o qual expressamos o nosso viver e a nossa missão. Aliás, todo o esforço de renovação pessoal deve projetar-se na renovação do presbitério. O mesmo acontece com a missão, o trabalho pastoral a desenvolver por cada um só terá eficácia quando realizada em comunhão com todo o presbitério”, ressalvou ainda.

“Quem não compreender a missão pastoral a partir destas coordenadas que exigem uma liberdade interior e exterior para testemunhar a Boa Noticia de Jesus Cristo onde seja necessário, não experimenta a riqueza e a beleza da vocação sacerdotal”, concluiu.

Depois de instar os sacerdotes a interpelarem-se sobre o “estilo de vida”, as “aspirações e “as situações de vida” que “privilegiam”, apelou a um estilo de vida marcado pela pobreza.

“O Evangelho é muito claro ao colocar o pobre como aquele com quem nos devemos identificar e a quem devemos valorizar para uma dignificação da sua pessoa e para aprender dele o essencial da vida que não está no ter mas no ser e na comunhão com Deus e com os irmãos”, afirmou D. João Lavrador.

“Eis o convite que nos é dirigido para ministério sacerdotal que deve ser vivido segundo o modelo apresentado pela Igreja na atualidade e respondendo à evangelização do mundo de hoje”, segundo três coordenadas: o Evangelho, a doutrina conciliar do Vaticano II e o conhecimento do mundo de hoje com as suas alegrias e os seus sofrimentos.

O prelado destacou, ainda, a necessidade de uma aposta na formação como forma de alcançar “uma vida espiritual renovada capaz de oferecer a alegria e serenidade, a criatividade e o entusiasmo na missão pastoral que se confronta com tantos desafios.”

Esta manhã a celebração envolveu os sacerdotes da vigararia do Oriente, que inclui as oito ouvidorias de São Miguel e de Santa Maria. Amanhã às 12h00 será celebrada uma missa na Matriz da Horta, envolvendo o clero do Pico, do Faial, das Flores e do Corvo. Na quarta-feira, às 20h00 terá lugar a Missa Crismal na Sé de Angra, durante a qual o clero das duas ouvidorias da ilha Terceira, de São Jorge e da Graciosa. Nesta celebração serão ainda benzidos os santos óleos que irão ser utilizados em todas as celebrações do Crisma, do batismo e da Santa Unção.

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