Ano em revista: 2022 fica marcado pela nomeação do 40º bispo de Angra

Foto: Igreja Açores

A diocese que viveu um ano em sede vacante, sem plano pastoral, recuperou festas e romarias, respondeu como pôde às questões do processo sinodal e viveu a morte do seu bispo emérito com dor.

Demorou mais do que era desejado mas o anuncio da nomeação de um novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, a 4 de novembro, um dia depois da celebração do 488 º aniversário da criação da diocese insular, foi sem dúvida o melhor presente de aniversário e a notícia do ano na diocese de Angra.

Foto: Agência ECCLESIA

O prelado, até então Bispo Auxiliar do Porto, entrará na diocese a 15 de janeiro.

A nomeação de D. Armando Esteves Domingues veio por fim a um período de sede vacante de quase um ano, depois do Papa Francisco ter nomeado D. João lavrador bispo de Viana do Castelo a 21 de setembro de 2021. Com a saída de D. João Lavrador dois meses depois, a 27 de novembro, assumiu o governo administrativo da Diocese o cónego Hélder Fonseca Mendes que foi escolhido pelo Colégio de Consultores como Administrador Diocesano.

Na primeira mensagem dirigida aos diocesanos não poderia ter sido mais empático: “Como não conheço a diocese, o primeiro desafio será conhecer-vos e dar-me a conhecer. Não se caminha com quem não se conhece”, escreveu o prelado, na mensagem à sua nova diocese, nos Açores, que considera já “a mais bonita de todas as dioceses do mundo, pela natureza de uma beleza ímpar, mas também pelas pessoas”, as quais sente como a sua “gente”.

O novo bispo escreveu ainda não ter “um plano preconcebido nem soluções mágicas”, mas assegurou que procurará inserir-se “no caminho que a diocese está a fazer, tanto no percurso sinodal da diocese em comunhão com toda a Igreja, como na corrida, em passo apressado e próprio dos jovens, para a próxima JMJ Lisboa 2023”.

Natural da Vila de Oleiros, no Distrito de Castelo Branco, o novo bispo de Angra tem 65 anos, é proveniente de uma família numerosa, sendo o oitavo de onze irmãos.

Ordenado sacerdote a 3 de janeiro de 1982, na Sé Catedral de Viseu, depois de ter feito um ano de Estágio pastoral em Roma, numa comunidade com 7 seminaristas e um sacerdote, no Centro Mundial de Espiritualidade e Teologia do Movimento dos Focolares, D. Armando Esteves Domingues conta com formação em áreas como a pastoral juvenil, a espiritualidade e a pastoral familiar, com especial incidência na preparação de noivos para o matrimónio.

Entre o seu percurso pastoral sobressai, ainda, o seu empenho na área sociocaritativa, com a dinamização ao longo dos anos de várias iniciativas ligadas à inclusão social, ao combate ao desemprego, à recuperação de dependências e à habitação.

Numa das regiões por onde passou, como Pároco “in solidum” da Paróquia de S. Salvador e do Vicariato de Nossa Senhora do Viso, contribuiu para a constituição desta comunidade como paróquia e para a construção de novas estruturas, entre as quais um novo centro social e uma nova igreja.

O seu currículo inclui também a colaboração com vários movimentos e organismos católicos, desde os Escuteiros aos Educadores Católicos, Equipas de Nossa Senhora, passando pelos Cursilhos de Cristandade. Além do tempo de trabalho como professor no Seminário Maior de Viseu, onde ajudou a formar várias vocações sacerdotais, e um período de missão junto das Forças Armadas e de Segurança, como capelão da Força Aérea Portuguesa, o prelado foi diretor do jornal “Voz de Torredeita e Boaldeia”, uma das paróquias que serviu.

Em novembro de 2004 foi nomeado Ecónomo Diocesano de Viseu, até julho de 2015.

Desde 20 de julho de 2015 até 27 de outubro de 2018, altura da nomeação episcopal do Papa para bispo auxiliar do Porto, D. Armando Esteves Domingues foi Vigário-Geral da Diocese de Viseu.

A entrada em Angra está agendada para dia 15 de janeiro. Será recebido na Igreja da Misericórdia de Angra, como foram todos os bispos que chegaram à diocese insular como titulares, de onde partirá em cortejo processional até à Sé, pelas ruas Direita e da Sé, acompanhado dos presbíteros açorianos, religiosos e restante povo de Deus, bem como de 17 membros do episcopado português, entre eles o metropolita da Província Eclesiástica de Lisboa, a que pertence a diocese de Angra, o cardeal D. Manuel Clemente e do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas Carvalho. Estarão também presentes mais de meia centena de sacerdotes de várias dioceses, entre elas as de Viseu e Porto, onde D. Armando Esteves Domingues serviu como padre e bispo, respetivamente.

Sínodo: Geografia insular dificulta sinodalidade numa igreja que ainda é “centralista” e pouco “aberta aos que estão fora”

 

Embora em sede vacante e com pouca receptividade à questão, o processo sinodal de Roma foi acolhido no arquipélago e mereceu resposta às várias questões do Vaticano, feitas a partir de contributos de um conjunto de ouvidorias, sem o entusiasmo que o processo deveria merecer abrindo-se aos que estão fora das estruturas eclesiais e sobretudo fora da Igreja, como desafiou o Papa. Contaminada por uma caminhada sinodal que já levava três anos, pouco participada e até mal querida pela maioria do Povo de Deus nesta Igreja particular, que não a compreendeu nem se galvanizou em seu redor, a etapa diocesana do sínodo proposto por Roma correu de forma muito discreta. Ainda assim, o contributo da Igreja açoriana para o sínodo dos bispos em Roma seguiu para a Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhando que as fragilidades são “oportunidades para crescer”, denotando a necessidade de uma “maior disponibilidade para a escuta, autoridade partilhada a partir das estruturas pastorais e económicas já existentes, da elaboração de planos pastorais a partir do grito e das necessidades concretas das pessoas”, aproveitando a dinâmica das Jornadas Mundiais da Juventude para a evangelização.

O documento enviado, com 10 páginas, foi assinado pela Comissão Diocesana Coordenadora da Caminhada Sinodal.

documento que começa por situar o momento desta Igreja local, em sede vacante desde setembro de 2021, e consequentemente sem Conselho Presbiteral e sem Conselho Pastoral, bem como alguma “incerteza” quanto “a qualquer programação diocesana a médio e longo prazo”, foi organizado formalmente em três pontos: o contexto, o diagnóstico e a visão da Igreja atual e propostas de mudança.

As conclusões deste trabalho de diagnóstico, sintetizadas em 10 pontos, apontam para várias fragilidades que devem ser vistas também como “oportunidades” para a Igreja insular que tem “problemas” de organização e funcionamento que são transversais à Igreja em geral e que na sua maioria resultam da percepção que a sociedade tem da Igreja e da atuação da própria Igreja.

“Os grupos excluídos deverão ser a prioridade de ação da sinodalidade, sem descurar o trabalho com aqueles que já caminham juntos” refere o documento da diocese de Angra.

No documento salienta-se a importância do acolhimento, da escuta e do diálogo, bem como a necessidade de uma corresponsabilidade eclesial que passa pela partilha de autoridade entre sacerdotes e leigos nas várias estruturas existentes, desde conselhos pastorais e conselhos económicos até estruturas mais viradas para a acção social da Igreja, como Centros Sociais e Paroquiais.

O documento coloca em evidência as dificuldades criadas pela pandemia, que “não pode ser desculpa para todos os males”; reconhece a falta de empenho dos casais jovens na vida da Igreja e o desajustamento de algumas celebrações em relação aos tempos atuais.

“Há falta de militância, compromisso e envolvimento” refere o documento que aponta a responsabilidade social e a urgência ecológica como dois pontos apelativos para um maior envolvimento, ainda que por vezes feito a partir de “tensões e de divergências”.

O documento refere que uma das grandes dificuldades à prática da sinodalidade na Igreja açoriana é a dispersão geográfica.

“A maior dificuldade à prática da sinodalidade na nossa Igreja dos Açores será o facto de serem nove ilhas dispersas e cada uma com as suas próprias características” refere o documento alertando para o envelhecimento dos leigos e para uma estrutura piramidal, “extremamente hierarquizada, onde, na maior parte dos casos, os leigos só fazem parte do consultivo”.

“Há muito clericalismo e pouca comunhão” enfatiza o documento.

Peregrinação dos Símbolos da JMJ: foi “o evento mais mobilizador da Igreja depois de dois anos de pandemia”

Foto: Igreja Açores

 

A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora visitaram as nove ilhas entre 27 de maio e 27 de junho, entrando por Santa Maria e saindo por São Miguel. À última da hora, foi possível garantir que todas as ilhas pudessem receber estes símbolos. E, no final, os jovens da Diocese de Angra afirmaram que a passagem dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) nas nove ilhas dos Açores não era apenas “um facto para a história”, antes uma “mudança de página” na Igreja diocesana.

“A passagem dos símbolos é uma experiência muito motivadora para os jovens dos Açores e não é um facto para a história, mas deve significar uma mudança de página no dinamismo de Igreja”, afirmaram os jovens de Ponta Delgada.

Os símbolos da JMJ peregrinaram nas nove ilhas dos Açores durante o mês de junho, com uma paragem muito simbólica, no único mosteiro de clausura da Região, nas Calhetas de Rabo de Peixe, onde estiveram com as irmãs Clarissas.

Em declarações ao Igreja Açores, o responsável pela organização desta viagem, padre Norberto Brum, fez um balanço “muito positivo”.

“Foi o acontecimento maior e mais mobilizador depois de dois anos de pandemia;  foi interessante ver a envolvência de todas as comunidades nos seus diferentes carismas. Esta visita tirou os jovens do sofá” disse o padre Norberto Brum, presidente do Comité Organizador Diocesano da JMJ.

O sacerdote deixou ainda uma mensagem para a Igreja: “é preciso apostar numa pastoral juvenil que inclua e conte efetivamente com os jovens”.

Este de facto, foi um ano em que a juventude esteve em destaque na diocese, com várias e interessantes iniciativas, uma das quais protagonizada na Semana Santa, em Ponta Delgada, quando os jovens enviaram uma carta ao Papa Francisco, entregando-a ao Núncio, que presidiu às celebrações mais importantes desta semana maior na vida dos católicos.

Foto: Igreja Açores

 

Na carta, os jovens açorianos pediam a Francisco que fosse o defensor de um mundo, de uma igreja e de uma sociedade “sem medos nem fingimentos”, onde os jovens sejam os protagonistas.

“Sonhamos com um mundo, uma Igreja e uma sociedade em que valha a pena sermos jovens sem medos ou fingimentos, onde nada nem ninguém nos roube a alegria de sonhar e viver, onde possamos ser quem somos, dando o nosso melhor e, mesmo quando erramos, quando falhamos, saber que estamos a caminho e a crescer, dando o nosso melhor e, sobretudo, que nunca deixamos de ser queridos e amados pelo nosso Jesus”.

Os jovens açorianos pediam ao Papa que “sonhe com eles e juntos sonhemos os sonhos de Deus”.

Na resposta, o Santo Padre pediu oração, maior resiliência na fé e mais ação e compromisso dos jovens.

“Não concedas  espaço aos pensamentos amargos e obscuros; se erraste levanta-te(…) Tais erros não se devem tornar para ti numa prisão. E se voltares a errar no futuro, não temas. Levanta-te porque Deus é teu amigo”, mesmo Quando o mal for demasiado grande e pesado”, refere o Sumo Pontifíce na carta enviada aos jovens açorianos.

O Papa Francisco recorda ainda aos jovens que “não estão sozinhos”.

“Quando te encontrares amedrontado, diante das dificuldades da vida, recorda-te que não vives vives só para ti mesmo. A vida não cessa com a tua existência: a este mundo virão outras gerações que sucederão á nossa, e muitas outras ainda”, refere Francisco.

“O nosso inimigo mais pérfido nada pode contra a fé”, conclui o Papa que termina a carta pedindo aos jovens açorianos para rezarem por si.

Outra das iniciativas da Juventude açoriana foi a celebração do Dia Mundial da Juventude, em domingo de Cristo Rei, em todas as ouvidorias.

Seminário: no ano em que completou o seu 160º aniversário vive a maior crise de sempre sem entrada de alunos pelo segundo ano consecutivo

Foto: Agência Ecclesia

 

Apesar de algum dinamismo na pastoral juvenil, a verdade é que a motivação para um compromisso mais sério e efectivo dos jovens a darem-se à igreja de uma forma mais completa tarda em verificar-se. Este ano, pelo segundo consecutivo, o Seminário Episcopal de Angra não acolheu jovens. O reitor, que é também ao mesmo tempo o responsável pela pastoral das vocações e ministérios na diocese e o responsável pela pastoral juvenil na ilha Terceira, deixou o alerta de que é preciso fazer mais e melhor, sobretudo ao nível das paróquias e das famílias.

O Seminário Episcopal de Angra que completou este ano o seu 160º aniversário viveu em data em comunidade, a mais pequena de sempre: 10 alunos, na sua esmagadora maioria de São Miguel.

A “crise das vocações é também uma crise de identidade cristã”, e os jovens “têm hoje muitas mais ofertas académicas e profissionais”, porventura “mais atrativas”, afirmou o reitor, padre Hélder Miranda Alexandre.

“As vocações consagradas exigem uma particular generosidade e desprendimento que não é fácil de assumir. É verdade que outras vidas também, mas estas integram valores que não estão na moda ou dizem pouco aos jovens e famílias de hoje”, disse o padre Hélder Miranda Alexandre.

“Os jovens têm hoje muitas mais ofertas académicas e profissionais que exercem um forte apelo e desviam para outras metas, também elas muito meritórias e positivas. Por muito que custe admitir, faltam igualmente mais testemunhos positivos e felizes” afirma o sacerdote numa entrevista a propósito da Semana dos Seminários que pode ler aqui.

O Seminário Episcopal de Angra foi inaugurado no dia 9 de Novembro de 1862 no Convento de S. Francisco de Angra, passados 328 anos da fundação da Diocese. Dava-se assim cumprimento à norma tridentina e ao desejo do clero quanto à fundação de um Seminário nesta Diocese.

No entanto, já um século antes D. Frei José da Avemaria, bispo de Angra, exigia que “sem a competente certidão de frequência, aproveitamento e capacidade dos pretendentes, não podiam ser admitidos às Ordens, neste bispado…”.

Volvidos 160 anos o Seminário Episcopal de Angra, formou diversas gerações de alunos. E, daqui saíram sete bispos, praticamente todos os sacerdotes açorianos e muitos dos que foram enviados para as missões.

O reconhecimento do trabalho do Seminário foi de resto feito a nível nacional com a atribuição da Insignia da Ordem de Mérito pelo Presidente da República, para além da Medalha de Ouro do Município de Ponta Delgada e do Diploma de Reconhecimento, da Câmara de Angra do Heroísmo, por ocasião do 150º aniversário.

Por outro lado, durante muitos anos foi a principal e única escola de formação superior de centenas de homens, que influenciaram a cultura e a sociedade açorianas. Antes da criação da Universidade dos Açores, esta era a única Instituição de ensino superior do Arquipélago.

À sombra do Seminário nasceu o Instituto Açoriano de Cultura, que promoveu as Semanas de Estudo dos Açores, um dos momentos mais altos de reflexão política, social, cultural e económica dos Açores e alguns dos fundadores da própria Universidade ensinaram no Seminário.

Instituto Católico de Cultura: Opção por chegar a todos os açorianos desenvolvendo parcerias com outras instâncias eclesiais e com os meios de comunicação social foi uma vez mais concretizada

Foto: Igreja Açores

 

Os três debates promovidos pelo Instituto Católico de Cultura em parceria com a RTP Açores e o apoio do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres e do Serviço Diocesano da pastoral das Comunicações Sociais da Igreja, voltaram a ser momentos de reflexão sobre os problemas da Igreja e da sociedade a partir da vida concreta dos açorianos. A Fé hoje, a Fé e os jovens e Quem são os pobres hoje, foram temáticas que reuniram membros da academia, clero, crentes e não crentes numa abordagem clara e formativa sobre os problemas do mundo atual que afectam igualmente a região.

A série de três programas foi para o ar a 5, 12 e 19 de maio, no canal publico regional.

“A humanidade vive ferida, enfrentando inúmeras ameaças. Depois da guerra pela saúde, durante dois anos, em vários sítios do mundo, hoje luta-se pelo poder dos homens, com guerras injustas ditadas pela fome do poder sobre o outro” referiu organização dos debates, justificando assim as temáticas escolhidas.

À volta das três mesas redondas estiveram nomes relevantes destas áreas sociais como o teólogo Juan Ambrósio; o ex provincial da Companhia de Jesus em Portugal, padre José Frazão Correia; o teólogo moralista padre José Júlio Rocha; a reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil; o antigo presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca; o sociólogo e investigador Fernando Diogo; o escritor Joel Neto; a professora catedrática Maria do Céu Patrão Neves, entre outros.

Dificuldades financeiras: Paróquias açorianas em situação “difícil” depois da pandemia; IPSS´s reclamam novos acordos com a Região

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A situação de muitas paróquias dos Açores é “difícil” por causa da diminuição acentuada das ofertas nas missas. A pandemia afastou os fieis da Igreja e mesmo com o regresso das festas de verão, este ano, já com alguma normalidade, as dificuldades não estão ultrapassadas, alertou o ecónomo diocesano, padre António Henrique Pereira, numa entrevista ao Igreja Açores.

“A pandemia foi um grande golpe nas nossas paróquias: o encerramento das igrejas e as restrições afastaram as pessoas, que ainda não regressaram. Isso fez diminuir as receitas de uma forma acentuada e as paróquias tiveram de recorrer às reservas” disse o sacerdote.

“Muitas paróquias estão numa situação um bocadinho difícil e a retoma deste verão ainda não repôs a normalidade” referiu ainda o sacerdote salientando que “as igrejas ainda estão desertas e se as pessoas não participam também não contribuem para a vida económica da Igreja”.

Ainda assim, o padre António Henrique Pereira salientou que é preciso encarar a situação “como um desafio” reconhecendo, no entanto que, “diante das dificuldades muitos sacerdotes podem viver o desanimo”.

A diocese de Angra tem 165 paróquias; durante a pandemia houve paróquias que recorreram a ajudas do estado para suportar os honorários dos sacerdotes.

Foto: Igreja Açores

 

A crise chegou igualmente às Instituições Particulares de Solidariedade Social, com particular destaque para as quatro instituições que asseguram os cuidados de saúde mental no arquipélago. A 20 de novembro, os Institutos Hospitaleiros tornaram pública a sua tomada de posição, de ponderarem a “suspensão do acordo para internamento de pessoas com doença mental” por falta de financiamento do Governo Regional dos Açores.

“Está em risco a continuidade da prestação dos cuidados de saúde na área da psiquiatria e saúde mental, com mais de noventa anos, uma vez que se apresenta um cenário de ausência de financiamento regional para fazer face aos custos de funcionamento atuais e que se preveem que aumentem ainda mais em 2023”, lê-se no comunicado feito pelas quatro instituições.

Esta quatro casas alertam para “desigualdade de tratamento” em relação às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do setor social e do setor da saúde, para as quais “já foram anunciados aumentos”.

Os Institutos Hospitaleiros possuem atualmente 621 camas de internamento nos Açores, o que corresponde “a 97% do total da capacidade de internamento do Serviço Regional de Saúde”, para a especialidade de psiquiatria e saúde mental, segundo indicam.

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Também o Presidente da União Regional das Misericórdias anunciou esperar um novo acordo com Governo Regional para mitigar os efeitos do aumento da inflação.

Em outubro realizou-se na Horta o XV Insular das Misericórdias, que junta as 23 misericórdias açorianas e madeirenses, bem como dirigentes nacionais e regionais do país, no Faial, e Bento Barcelos, reforçou que as misericórdias “não são despesistas, são poupadas” e até agora “ainda não suspenderam quaisquer serviços da infância à terceira idade”, apesar das dificuldades. Por isso, prossegue “tal como aconteceu no passado no continente esperamos agora que o Governo Regional também inicie um processo negocial connosco” de forma “a podermos ultrapassar as dificuldades sem reduzir os serviços que prestamos”. Esta é, de resto, a principal preocupação do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra: “ apesar da pandemia e das dificuldades nunca deixamos de prestar a assistência”.

Esta preocupação foi, de resto, manifestada pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Horta, que celebra 500 anos e foi o anfitrião do Congresso: “com o aumento da inflação, ser-nos-á muito difícil continuar a prestar um serviço de excelência aos nossos utentes”.

Na sessão de abertura do Congresso insular, o Governo dos Açores aproveitou para anunciar um “combustível social” para compensar o aumento dos custos que as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e as misericórdias têm sentido, nesta crise inflacionista.

“Tínhamos um combustível para a agricultura, tínhamos um combustível para as pescas, porque não ensaiar um combustível social”, explicou Artur Lima, vice-presidente do Governo, na sessão de abertura do XV Congresso Insular de Misericórdias dos Açores e da Madeira.

Segundo o governante, o executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) vai destinar uma verba de 300 mil euros, para apoio o aumento do custo do combustível, para as misericórdias e IPSS’s dos Açores, além de pretender também entregar viaturas elétricas e algumas instituições da região, para que fiquem menos dependentes das energias fósseis.

Artur Lima garantiu também que o executivo açoriano vai reforçar, no próximo ano, os apoios às instituições de cariz social da região, através de uma “atualização” do valor padrão das respostas sociais, sem referir, no entanto, o montante ou percentagem de apoio a aumentar.

“O Plano e Orçamento para 2023, em linha com a nossa matriz humanista, atenderá às dificuldades sentidas pelas famílias e irá satisfazer a necessidade de reforço de financiamento às IPSS e misericórdias dos Açores, para que possam fazer face ao aumento extraordinário de despesas”, garantiu o vice-presidente, adiantando que o Governo irá proceder também “à revisão do acordo base”, para a atualização “do valor padrão das respostas sociais”.

Crise sísmica em São Jorge: Cáritas, Igreja, Proteção Civil e autarquias deram resposta adequada

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Em pleno dia do pai- 19 de março- o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informava que tinha sido detetado um “aumento significativo” da frequência da atividade sísmica na ilha de São Jorge, nos Açores, a partir das 17h00.

Por prudência, no domingo seguinte já não se realizaram celebrações nos centros de culto das Fajãs e  nas igrejas do concelho das Velas por causa da elevada atividade sismovulcânica. Apesar das populações iniciarem um movimento de saída quer para o concelho vizinho, quer para outras ilhas, os sacerdotes mantiveram-se sempre nas suas paróquias acompanhando e auxiliando as comunidades. O apoio da Cáritas diocesana foi “relevante e imprescindível” e “articulado com as autoridades no terreno”.

“Uma centena de colchões, cobertores e toalhas para apoiar as paróquias de acolhimento” foram enviadas a partir da ilha Terceira. Nesse fim de semana, a ilha recebeu a visita do Chefe de Estado.

“Pretendo, por um lado, ver a situação que me é contada pelo presidente do Governo regional e, por outro, transmitir a confiança à população, que não tem razões para estar preocupada ou sobressaltada. Os elementos disponíveis mostram que não há razões de gravidade que impliquem qualquer saída ou qualquer intranquilidade das pessoas”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa antes da partida sublinhando que a sua visita era de “conforto às populações” pois a situação sísmica “parecia controlada”.

Cerca de 12.700 sismos foram registados na ilha de São Jorge, no âmbito da crise que se iniciou a 19 de março, mais do dobro de todos os sismos registados no arquipélago em 2021.

A crise sismovulcânica em São Jorge iniciou-se às 16:05 de dia 19, tendo o sismo mais energético ocorrido nesse mesmo dia às 18:41 com uma magnitude de 3,3 na escala de Richter, mas sem provocar danos.

Romarias quaresmais cumprem 500 anos: candidatura à Unesco está em marcha e conta com apoio das autoridades regionais

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Por causa de uma crise vulcânica seguida de terramotos, em Vila Franca, há 500 anos que foi prometida a realização de romarias. Este ano completaram o seu 500º aniversário, mas ainda não foi este ano que voltaram a sair à rua, depois de dois anos de pandemia.

Os romeiros, que habitualmente percorrem quilómetros na ilha de São Miguel, a pé, durante uma semana, desde o primeiro sábado da Quaresma até à quinta-feira santa, usando um xaile, um lenço, um saco para alimentos, um bordão e um terço, entoando cânticos e rezando, ficaram privados da sua peregrinação por causa da pandemia. A pernoita em casas particulares ou em salões, num momento em que a pandemia ainda estava muito viva no arquipélago, levou a direção das Associação Movimento de Romeiros de São Miguel a cancelar a saída em 2022, “com muito sofrimento” mas colocando “em primeiro lugar a saúde de todos”.

No entanto apesar de privados deste momento espiritual, vivido no seio de cada um dos 53 ranchos existentes, os romeiros não deixaram de comemorar a data tão significativa, em vários momentos, desde logo na Câmara de Ponta Delgada, concelho onde foi inaugurada uma exposição itinerante sobre a vida e a história do movimento.

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João Carlos Leite, Presidente do Grupo Coordenador Movimento de Romeiros de São Miguel, afirmou que o movimento está determinado em levar por diante a candidatura nacional e internacional das romarias a património mundial da humanidade.

O responsável, que há muito acalenta este desejo afirmou que o processo de reconhecimento nacional da relevância destas romarias está adiantado, seguindo-se depois a candidatura internacional à Unesco.

Para João Carlos Leite, as Romarias assumem-se como uma singular manifestação de fé mas o que delas resulto socialmente é também muito relevante. O dirigente sublinhou a intervenção social de alguns ranchos .

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, enalteceu o legado e o futuro das romarias quaresmais de São Miguel, reiterando que “tudo” fará apoiar o objetivo de tornar o fenómeno Património Imaterial da Unesco. José Manuel Bolieiro lembrou a “resiliência de uma identidade” que foi forjada com as romarias, uma “prática secular que hoje se transformou num verdadeiro património cultural e material” do povo.

“Bem hajam aos romeiros de hoje, aos de todos os tempos, eles e elas, mais novos e mais velhos. Pelo passado, teremos futuro”, prosseguiu o governante.

Tornar as romarias Património Imaterial da Unesco seria um “ato de justiça e reconhecimento”, acrescentou ainda.

Regresso da Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres: “Somos todos artífices da paz” diante “do cruel e inaceitável espetáculo da guerra”, diz cardeal Tolentino Mendonça

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A chuva copiosa que se abateu sobre São Miguel nestes dias, bem como as polémicas em torno das celebrações populares fora do contexto religioso da Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, não impediram que milhares de pessoas cumprissem este ano a sua devoção diante da Imagem do Ecce Homo, do Convento da Esperança, em Ponta Delgada, marcada pela presença do mais novo cardeal da Igreja, o português D. José Tolentino Mendonça.

O então Bibliotecário e Arquivista da Santa Sé sublinhou o valor da paz e apelou ao empenho de todos na sua construção.

“Jesus mobiliza-nos para a paz, mas investe-nos a todos como artífices da paz”, disse o cardeal Tolentino de Mendonça na homilia da Missa do Senhor Santo Cristo dos Milagres a que presidiu e que, por causa da chuva, foi transferida do Campo de São Francisco para a Igreja de São José, para onde convergiram, desde madrugada, centenas de peregrinos.

D. José Tolentino Mendonça falou da paz como “tarefa” confiada a cada um, convidando os presentes a tirar “lições profundas” da pandemia, para relançar a vida com “resiliência e audácia profética”.

“Mais do que escapismo precisamos de resiliência e de audácia profética para relançar a vida comum a partir de alicerces justos, a partir da ideia de fraternidade, construindo um mundo onde o homem não seja lobo dos outros homens”, disse o cardeal.

“Estamos ansiosos para voltar a normalidade, mas só ilusoriamente podemos fazer a nova normalidade coincidir com um regresso exato à vida que tínhamos anteriormente, porque não seria normal que tudo fosse exatamente como dantes” referiu.

O cónego Adriano Borges, reitor do Santuário, saudou a possibilidade de voltar a celebrar estas festas com a presença dos peregrinos e as manifestações públicas de devoção, após dois anos de limitações impostas pela pandemia de Covid-19.

“Este ano temos muitas razões para dar graças”, referiu agradecendo ao Cardeal “a forma que nos permite a chegar a Deus”

“As suas palavras, o seu sorriso e o seu olhar são a transparência da bondade do seu coração”, disse.

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Também no Pico se fez festa por causa do aniversário da elevação da Igreja de São Mateus a Santuário Diocesano do Senhor Bom Jesus Milagroso.

O Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico comemorou o seu 60º aniversário e contou com um vasto programa com celebrações e um colóquio intitulado “O Senhor Bom Jesus Milagrosos do Pico: olhares sobre uma devoção”.

As celebrações começaram no inicio de julho, entre os dias 1 e 3, com celebrações e um colóquio intitulado “O Senhor Bom Jesus Milagrosos do Pico: olhares sobre uma devoção”. O colóquio abordou a temática desta devoção na vida e na religiosidade do povo açoriano, em especial dos açorianos do triângulo.

O santuário do Senhor Bom Jesus do Pico foi criado por decreto Episcopal de D. Manuel Afonso Carvalho de 1 de julho de 1962.

As festas do Senhor Bom Jesus Milagroso são uma das “mais emblemáticas manifestações religiosas” desta Igreja local e do Arquipélago dos Açores.

A festa remonta a 1862, quando o emigrante Francisco Ferreira Goulart trouxe do Brasil uma imagem do Senhor Bom Jesus,  que desencadeou logo uma invulgar atração e “uma forte piedade que contagiava as almas”.

A Festa do Senhor Bom Jesus decorreu entre 27 de julho e 7 de agosto, tendo como pontos altos sempre os dias 5 e 6 de agosto, quando se celebram as missas e procissão solenes, este ano já sem constrangimentos sanitários.

Também na Serreta e em todas as paróquias dos Açores, regressaram este ano as festas dos padroeiros e as festas de verão.

XV Jamboree açoriano reuniu cerca de 1500 escuteiros na ilha Terceira este verão e foi o primeiro encontro escutista depois da pandemia

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“Este jamboree é um laboratório de como o mundo pode ser outro, (…) de como é possível uma relação de respeito, diálogo e fraternidade entre tantos jovens, como bravos não violentos, destemidos e corajosos”, referiu o Administrador Diocesano, na celebração que marcou o arranque deste grande encontro da família escutista.

Nele participaram escuteiros açorianos, mas também nacionais com destaque para 700 `exploradores´, 350 dirigentes e `Caminheiros”.

“O XV Jamboree Açoriano de julho de 2022 proporcionará a todos os participantes a vivência do ideal e movimento escutista, enquanto resposta a um desenvolvimento integral e sustentável com impacto na vida de cada participante, dos agrupamentos e das comunidades, enquanto obreiros da paz e da justiça, num mundo que delas carece”.

O último Jamboree Açoriano realizou-se há quatro anos na ilha do Faial.

Os Jamboree são acampamentos nacionais ou internacionais de Escuteiros, que se realizam periodicamente, o maior dos quais é o Jamboree Mundial.

O Jamboree surgiu na mente do Fundador do Escotismo, Baden-Powell, após a Iª Guerra Mundial, com o propósito de fomentar um encontro de amizade e perícia Escutista, e assim sucedeu no ano de 1920, em Londres, com a presença de Escuteiros de 34 países e vários territórios do então Império Britânico.

Primeiro Dia Diocesano da família celebrado em Angra: Assistente diocesano da família apelou ao esforço pastoral das famílias cristãs na evangelização

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Realizou-se pela primeira vez na diocese de Angra o Dia Diocesano da Família, cujas celebrações decorreram em Vila Franca do Campo.

O assistente diocesano da pastoral da família e laicado, Monsenhor José Medeiros Constância, apelou às famílias cristãs que se comprometessem regularmente num esforço pastoral e sejam verdadeiras evangelizadoras de outras famílias.

“A família pode evangelizar outra família,  fazendo as coisas ordinárias de forma absolutamente extraordinária, com sentido do outro. Quando os casais e as famílias vivem assim, no dia a dia normal,  são verdadeiras testemunhas e evangelizam de facto as outras famílias e são uma luz na sociedade” afirmou o sacerdote.

“Este dia diocesano está aberto a todas as famílias da diocese, sejam cristãs ou outras” referiu destacando que seria “muito interessante” que “pudessem participar famílias que não são cristãs ou famílias em situação especial”, ficando o desafio lançado para a próxima comemoração.

“Creio que em toda a diocese já há um acolhimento natural às famílias que vivem em situações que são diferentes, que convivem e colaboram e até já caminham para a comunidade cristã e até participam nela e nas suas atividades”, esclarece ainda.

O I Dia Diocesano da Família integrou-se nas iniciativas da Semana da Vida que termina este domingo. O tema central “A Vida que acolhemos” é inspirado na parábola do Bom Samaritano como “personagem de acolhimento e, em simultâneo estrangeiro, o que não deixa de ser um pouco desconcertante: é o estrangeiro que é o protagonista do acolhimento e não o inverso”.

A temática deste ano alinhou-se com o tema do ano passado “A Vida que nos toca, A vida que sempre cuidamos”,  “num percurso” que os promotores pretendem “prolongar para o próximo ano”.

Celebrações: Jubileus sacerdotais reúnem padres

Foto: Igreja Açores

 

Este ano, a Igreja diocesana celebrou a ordenação sacerdotal de um grupo de cinco padres, em 2012, só superada depois disso em 2020, com a ordenação de seis sacerdotes e deu graças pelos jubileus sacerdotais de 3 outros sacerdotes: dois assinalaram as bodas de prata e um as bodas de ouro.

A comunidade paroquial de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, acolheu no dia 18 de julho a celebração de ação de graças pelo 10º aniversário da ordenação sacerdotal de cinco padres, formados no Seminário Episcopal de Angra, e ordenados em 2012 por D. António de Sousa Braga.

Os padres Carlos Simas (Ouvidor eclesiástico da ouvidoria de Fenais da Vera Cruz, São Miguel e coordenador do Serviço de Catequese, Missão e Evangelização na vigararia nascente),  Luís Silva (Pároco das Lajes e Administrador da Casa da Ribeira, Ouvidoria da Praia da Vitória; Notário do Tribunal Eclesiástico), Nelson Vieira (Pároco do Rosário da Lagoa e da Atalhada, Ouvidoria da Lagoa, ilha de São Miguel; Assistente Diocesano do Apostolado da Oração); Júlio Rocha (Pároco da Matriz de Santa Cruz, Vigário Paroquial do Curato da Vitória, Ouvidoria e ilha Graciosa, Capelão da Santa Casa da Misericórdia e Reitor da Igreja da Misericórdia de Santa Cruz da Graciosa) e Tiago Tedeu (Pároco de Ponta Garça e da Ribeira das Tainhas, Ouvidoria de Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel) concelebraram com o Administrador paroquial, padre Vitor Medeiros.

Em Angra, no dia 19, com direito a bênção Apostólica, três sacerdotes– padre Fernando Teixeira, 60 anos e os padres José da Encarnação Cabral e Francisco Sales, 25 anos- celebraram o aniversário de ordenação sacerdotal na Sé, seguindo-se um jantar no Seminário Episcopal de Angra, onde os presbíteros se formaram.

Todos naturais dos Açores, os sacerdotes serviram em diferentes áreas a igreja dos Açores.

Movimento de sacerdotes comprometido pela sede vacantes: acertos foram pontuais e levaram um dos mais novos para o Corvo

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O administrador diocesano de Angra publicou “nomeações necessárias” para o ano pastoral que se iniciou em outubro, “por imposição da realidade e por motivos de força maior”. Na altura justificou:

“Sem termos a noção do termo da sede vacante, e não deixar o Povo de Deus ‘como ovelhas sem pastor’, sem remover párocos, sem alterações noutras ilhas, torna-se necessário nomear de imediato, com efeitos a partir dos atos de tomada de posse, os titulares para os respetivos ofícios até que o futuro bispo de Angra ou o administrador diocesano disponham diversamente”, escreveu o cónego Hélder Fonseca Mendes, numa carta à diocese.

Por exemplo, o padre Norberto Brum, pároco de Nossa Senhora de Fátima (Ouvidoria de Ponta Delgada) e diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil, foi nomeado responsável pela Pastoral Universitária, e, na mesma ouvidoria, o monsenhor José Medeiros Constância foi reconduzido como diretor do Instituto Católico de Cultura, acumulando com os Serviços Diocesanos da Pastoral Familiar, da Cultura e do Ecumenismo.

Na Ouvidoria da Lagoa, o padre Ricardo Tavares foi nomeado administrador paroquial de Nossa Senhora das Necessidades, na Atalhada, no regresso ao serviço diocesano, após a licença para ocupar o cargo político de diretor Regional da Cultura.

O padre João Chaves, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), também regressa à Diocese de Angra e é o novo capelão do Mosteiro das Clarissas, nas Calhetas.

Na Ouvidoria da Povoação, o padre Francisco Zanon é nomeado administrador das Paróquias de Santa Ana, nas Furnas, e de São Paulo na Ribeira Quente, substituindo o padre Ricardo Pimentel, que entrará em licença sabática.

Devido à sede vacante foi pedido a todos os padres que terminaram as suas provisões a manterem-se em funções até à chegada de novo bispo. Os acertos feitos foram quase cirúrgicos, mas um deles levou um dos sacerdotes mais novos para a ilha do Corvo.

O padre Aurélio Sousa, natural das Sete Cidades, foi no final de novembro para a ilha mais pequena do arquipélago e é um dos sete sacerdotes nomeados até novas nomeações do novo bispo de Angra.

O sacerdote, ordenado em setembro de 2020, em plena pandemia, agora com 29 anos de idade, era Vigário Paroquial da Matriz da Horta, dos Flamengos e do Salão, na ilha do Faial, onde também desempenhava a coordenação da pastoral juvenil.

Património: Igreja do Faial consegue reunir todo o espólio de Arte Sacra no Museu que tutela e, em São Jorge, igreja de Santo Antão recebe relíquia de São João Paulo II

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O Museu de Arte Sacra da Horta recebeu em outubro a última remessa do seu espólio de arte sacra que ainda se encontrava no Museu da Horta.

A cerimónia, que celebrou a finalização deste processo de transferência do espólio de arte sacra da diocese, da ordem Terceira de São Francisco e da ordem Terceira do Carmo e da Matriz de São Salvador da Horta, que se encontrava à guarda do Museu da Horta, em exposição, e que tinha sido iniciada no ano passado, juntou o Presidente da Câmara e os diretores dos dois Museus.

“Agora que as peças regressaram à sua casa esperamos que o Governo Regional reconheça o interesse público regional deste acervo exposto no Museu de Arte Sacra da Horta e com esse estatuto possamos protocolar um apoio financeiro que viabilize a existência e a expansão dos trabalhos desta instituição”, referiu ao Igreja Açores o padre Marco Luciano Carvalho.

O sacerdote defende que o Museu de Arte Sacra possa integrar a Rede de Museus regionais, mantendo a sua autonomia e a sua tutela própria que é da Igreja.

O espaço museológico, aberto a 15 de junho de 2021, distribui-se por três salas da Igreja do Carmo, um edifício amplo e que tem sido alvo de obras de restauro e reabilitação pela Ordem Terceira do Carmo, com o apoio de entidades públicas nomeadamente autarquia e Governo Regional.

O Museu possui uma sala de exposição permanente e duas outras com exposições temporárias e conta no seu espólio com peças de estatuária, ourivesaria e paramentaria, de entre as quais se destacam uma coleção de esculturas flamengas do século XVI e outras estátuas religiosas dos séculos XVII e XVIII, talha dourada, azuleijaria e pintura. Realça-se, ainda, o mobiliário sacro, a paramentaria do século XVIII e as pratas dos séculos XVI, XVII e XVIII.

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Na ilha vizinha de São Jorge, a Igreja de Santo Antão foi dedicada 30 anos após a sua inauguração e recebeu uma relíquia de São João Paulo II, numa celebração presidida pelo Núncio Apostólico da Santa Sé na Geórgia e na Arménia, o açoriano D. José Avelino Bettencourt.

Na homilia da Missa festiva, o diplomata da santa Sé afirmou que esta Igreja “é o símbolo mais visível e imponente desta vila de Santo Antão” e ao celebrar esta festa da dedicação estamos “a celebrar o crisma desta Igreja ao Senhor”, pois “aspergimos nela a água do batismo e o óleo dos catecumenos neste altar”.

O prelado  lembrou a história desta igreja que já acolheu “batismos, casamentos e funerais” de tantas gerações  e comparou a sua história de resiliência e reconstrução à mais antiga igreja cristã que se conhece- a basílica de São João de Latrão, em Roma, datada do século IV- para reforçar a ideia de que a fé de um povo resiste a todas as tempestades, “sismos e atos de vandalismo vários”, porque Jesus “está presente e é a luz da vida”. Por isso, alertou, o “o culto aqui celebrado deve ser de doação, de disponibilidade e de serviço”.

Em Vila Franca do Campo a Igreja esteve em festa celebrando os 500 anos do terramoto da Vila.

O sismo do dia 22 de outubro de 1522, que destruiu por completo Vila Franca do Campo, e só foi superado nas consequências pelo sismo de 1755 que devastou Lisboa, foi lembrado numa série de iniciativas promovidas em conjunto pela autarquia e pela Igreja e que culminaram numa missa presidida pelo Administrador Diocesano. O cónego Hélder Fonseca Mendes afirmou que “sem esta catástrofe, a história de Vila Franca do Campo e da ilha de São Miguel seria outra, bem como a da diocese açoriana”, A celebração da “Subversão de 1522” está intimamente ligada ao surgimento das romarias de São Miguel, que este ano assinalam meio milénio de existência.

Morreu um dos nossos: Angra perdeu o seu bispo emérito, o segundo bispo diocesano natural dos Açores em quase quintos anos de história

Foto: Agencia Ecclesia

 

O dia 22 de agosto há de ficar na história da igreja insular como um dos mais tristes: D. António de Sousa Braga, bispo emérito de Angra, faleceu em Lisboa, aos 81 anos de idade. O responsável açoriano faleceu na clínica onde fazia tratamentos diários, na sequência de uma paragem cárdio-respiratória.

António de Sousa Braga nasceu a 15 de março de 1941, na freguesia de Santo Espírito, ilha de Santa Maria, nos Açores, o quinto de 10 irmãos; terminada a escola primária, frequentou o 1.º e 2.º ciclos liceais de então no Colégio Missionário Sagrado Coração, no Funchal, e o 3.º no Instituto Missionário Sagrado Coração, em Coimbra, iniciando depois do tempo e noviciado, em Aveiro.

De 1962 a 1964, frequentaria o curso de filosofia em Monza e, após um estágio de vida religiosa em Portugal, frequentou, de 1966 a 1970, o curso de teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.

A 17 de maio de 1970, dia de Pentecostes, no contexto das celebrações dos seus 50 anos de ordenação sacerdotal, o Papa São Paulo VI ordenou 278 presbíteros originários de todos os continentes: entre eles o diácono dehoniano da já então Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, António de Sousa Braga.

Após ter colaborado na formação de jovens religiosos, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, foi eleito Superior Provincial dos Sacerdotes do Coração de Jesus em 1976, quando tinha 35 anos, por dois mandatos.

A partir de 1983, o trabalho do padre Braga passa pela formação e a paróquia em Alfragide até ser nomeado conselheiro no governo geral dos dehonianos, em maio de 199.

A 9 de abril de 1996, o Papa São João Paulo II chamou-o ao episcopado, nomeando-o 38.º bispo de Angra, nos Açores, onde foi ordenado bispo no dia 30 de junho de 1996, na Sé de Angra, por D. Aurélio Granada Escudeiro, a quem sucedia.

D. António de Sousa Braga foi bispo de Angra até 15 de março de 2016, quando, completados os 75 anos de idade, o Papa Francisco aceitaria o seu pedido de resignação, sucedendo-lhe no cargo Dom João Lavrador, desde 29 de setembro de 2015, bispo coadjutor com direito de sucessão.

Após a sua resignação, D. António de Sousa Braga quis voltar aos Sacerdotes do Coração de Jesus, ao Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, onde foi formador e superior da comunidade.

As exéquias fúnebres do bispo emérito de Angra foram celebradas  na igreja de Alfragide com a participação de bispos, Núncio Apostólico, Administrador Diocesano e Deão da Sé de Angra e depois em Santa Maria, na igreja paroquial do Santo Espírito de onde era natural e onde ficou sepultado.

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse que D. António de Sousa Braga foi uma das pessoas que mais contribuiu para a mudança do “rosto da Igreja” em Portugal, inspirado no Concílio Vaticano II que viveu quando se formou, através de um “estilo simples e humilde” que deixou um legado através do “exemplo” , da “disponibilidade e da “caridade”.

“Deixando-se modelar pelo coração manso de Jesus, D. António exercia uma liderança através do exemplo, do amor concreto ao jeito do coração de Cristo com os seus, na resposta ao Seu chamamento, na disponibilidade para dizer sim e segui-Lo, no acolhimento do seu semelhante, na sua capacidade de partilhar responsabilidades, na atenção a cada um e particularmente aos mais pobres, no seu amor à Igreja , ao som das transformações conciliares” disse o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa(CEP) na homilia da missa a que presidiu esta tarde em Alfragide.

“Talvez não tenha feito grandes discursos nem tivesse escrito grandes artigos sobre o Concilio mas tinha-o bem interiorizado no seu coração e punha-o em prática em todas as suas acções pastorais ajudando assim a mudar o rosto e a acção da Igreja”, dando “sempre liberdade a quem estava ao seu lado”, sublinhou ainda D. José Ornelas, confrade do bispo emérito de Angra na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

“Amor à Igreja”, “espírito conciliador na busca permanente  da comunhão com os irmãos” ou a “sua sensibilidade para com os mais pobres” foram outras das características da personalidade e comportamento de D. António de Sousa Braga  destacadas por vários membros da Igreja.

Consternação e gratidão foram, porventura, as duas palavras mais ouvidas na recolha de reações à morte de D. António de Sousa Braga, 38º Bispo de Angra.

“Em meu nome pessoal e em nome da diocese quero expressar a consternação e a tristeza pelo falecimento do Senhor D. António” disse , instado pelo Sítio Igreja Açores o Administrador Diocesano, cónego Hélder Fonseca Mendes, numa primeira reação emocionada quando comunicou a informação do falecimento do prelado com quem tinha uma relação pessoal próxima.

Também o decano do Colégio de Consultores, monsenhor José Constância, lamentou a morte do bispo de quem foi colaborador próximo durante 20 anos, como vigário episcopal, ouvidor ou responsável por vários serviços diocesanos.

“Em primeiro lugar é um momento de muita tristeza. Foi um pai e um amigo para todos nós padres e para a nossa diocese” afirmou ao Igreja Açores, monsenhor José Constância que recordou que foi com o prelado mariense que se “iniciou a programação pastoral pré- sinodal, embora na altura não se falasse assim disso”.

D. João Lavrador, bispo de Viana do Castelo e sucessor de D. António de Sousa Braga à frente dos destinos da diocese insular reagiu à morte do seu antecessor.

“Apresento as condolências à família e à diocese deixando uma palavra de reconhecimento. A amizade e colaboração foram sempre evidentes na pessoa do Senhor D. António, que sempre foi muito acolhedor e compreensivo e ajudou-me bastante na forma como me integrei na diocese” disse D. João Lavrador.

“A simplicidade e a simpatia com que me acolheu e que eram marcas do seu episcopado facilitaram muito o meu ministério. Guardo dele muito boa recordação”, concluiu.

“O D. António, independentemente das opções que foi obrigado a fazer, sempre soube ver a diferença entre o trigo e o joio. Ele conhecia o seu presbitério como ninguém” disse, por seu lado, ao Igreja Açores o cónego Adriano Borges que foi ecónomo de D. António de Sousa Braga durante um largo período do seu episcopado. Era, de resto, um dos mais próximos do prelado.

Foto: Igreja Açores

 

Este ano, partiu também para a casa do Pai, o padre Cipriano Pacheco, no dia 25 de setembro. Nascido em São Pedro Nordestino, São Miguel, a 3 de Novembro de 1945, realizou a sua formação teológica no Seminário de Angra. Foi ordenado a 20 de Maio de 1969, na Sé de Angra, completando os 50 anos de ordenação sacerdotal no dia 20 de Maio de 2019.

O padre Cipriano Pacheco, reconhecido pela sua simplicidade foi pároco em várias paróquias da Terceira e de São Miguel, professor no Seminário e em escolas publicas e um homem do pensamento e da reflexão teológica. Na década de 70 fundou o GRAP, Grupo de Ação e Reflexão Pastoral, que associava os ensinamentos do concílio Vaticano II, sobretudo das suas constituições, ao pensamento político, social e cultural que se vivia na Região Autónoma dos Açores. Foi também assistente diocesano da MCE, Movimento Católico de Estudantes. Foi diretor do Instituto de Cultura Católica no núcleo de Ponta Delgada e mais tarde seu diretor, promovendo o curso de licenciatura em ciências religiosas, numa extensão da Universidade Católica Portuguesa, que não se voltou a repetir, tendo editado aí várias obras de interesse para diversos públicos e assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz; em 2002 volta a ser nomeado Vigário Paroquial de São Pedro de Ponta Delgada; em 2006 foi chamado a ser Vigário Episcopal da Ilha de São Miguel, sendo também membro do Colégio de Consultores e membro do Conselho Episcopal, e membro do Conselho Presbiteral.Foi o responsável dos padres do Prado em Portugal durante vários anos. Esteve sempre envolvido na formação do clero e dos leigos, no estudo do evangelho e na atenção aos mais pobres e fracos.

Neste ano que agora termina, a Igreja foi abalada pelo tema dos Abusos Sexuais dentro da instituição em Portugal, e a resposta foi a criação de uma Comissão Independente para o estudo deste problema, a par da criação de uma coordenação nacional de todo as comissões diocesanas que entretanto já tinham sido constituídas em todas as dioceses portuguesas.

Também este ano foi aprovada a eutanásia pelos deputados, uma iniciativa que aguarda ainda o desfecho em Belém.

A Agência de notícias Fides, do Vaticano, apresentou também os números mais recentes da Igreja Católica no mundo, apresentando uma diminuição ligeira em relação ao ano anterior, de menos 0,01 católicos no mundo.

“A percentagem mundial de católicos diminuiu ligeiramente (-0,01) em comparação com o ano anterior para 17,73%. Os continentes, registam pequenas variações, com a exceção da Oceânia, que permanece estável”, pode ler-se no relatório.

A população mundial, registada a 31 de dezembro de 2020, era de 7.667.136.000 habitantes, registando um aumento de 89.359.000 em comparação com o ano anterior, num aumento “global que se refere a todos os continentes”.

“Na mesma data, o número de católicos era de 1.359.612.000 pessoas, com um aumento total de 15.209.000 em comparação com o ano anterior, sendo que o aumento diz respeito a quatro continentes, com a exceção da Oceânia”, pode ler-se.

Os números de católicos no mundo são anualmente apresentados pela agência Fides, por ocasião do Dia Mundial das Missões, que se celebra, este ano, no domingo, dia 23.

O relatório refere ainda o número de membros da Igreja, indicando, este ano, uma redução no número de bispos, registada em menos um.

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